Ibovespa sofre com mau humor global, fecha estável e soma 9 semanas de valorização; dólar se mantém em R$ 4,77
Principal índice da bolsa operou refletindo ajustes pós-Copom e tendo, como pano de fundo, um cenário externo desfavorável a ativos de risco
O Ibovespa reagiu nos últimos minutos do pregão desta sexta-feira (23) e fechou praticamente estável, evitando a primeira semana de perda desde o fim de abril.
O mercado brasileiro foi impactado pelo mau humor global com os temores de recessão nas maiores economias com o aumento generalizado dos juros.
Na cena doméstica, investidores seguem repercutindo a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) em não sinalizar a antecipação do corte dos juros em agosto, segundo o comunicado publicado na quarta-feira (21), com a manutenção da Selic em 13,75% ao ano.
O Ibovespa fechou a sessão com leve alta de 0,04%, aos 118.977 pontos. O resultado faz o principal índice do mercado doméstico acumular valorização de 0,18% na semana.
Esta foi a 9ª semana seguida de valorização do Ibovespa. No período, o principal indicador do mercado brasileiro soma valorização de quase 14%.
O clima de tensão deu novo fôlego ao dólar na medida que investidores buscam se proteger dos riscos de piora da economia global.
A moeda norte-americana fechou o dia com alta de 0,12%, negociada a R$ 4,7775 na venda. Na semana, o dólar perdeu 0,91%.
A sessão foi negativa para empresas de grande e pequeno porte do pregão. As principais baixas foram lideradas pelas companhias voltadas à economia doméstica, mais suscetíveis ao movimento dos juros.
A queda foi puxada pelos papéis da Yduqs (YDUQS), que perdeu 7,99%. Mais cedo, relatório do J.P. Morgan rebaixou a recomendação das ações do grupo de educação para “neutro”.
Na sequência, Via Varejo (VIIA3) caiu 4,42%, enquanto Minerva (BEEF3) cedeu 4,41%.
As “blue chips”, como são chamadas as companhias com maior peso do Ibovespa, também ajudaram a empurrar o índice para baixo.
Os papéis da Vale (VALE3) caíram 1,01%, mesmo sem a referência da cotação do minério de ferro no porto de Dalian devido ao feriado na China.
Os papéis da Petrobras também afundaram em meio à queda do petróleo no mercado global e com investidores analisando os próximos passos da empresa.
Na véspera, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) afirmou que está trabalhando junto com a petroleira na análise de uma eventual opção da petroleira estatal para adquirir participação da Novonor na Braskem.
A Petrobras também disse que segue explorando possibilidades de negócios com Unigel.
Diante destas pressões, os papéis preferenciais (PETR4) perderam 4,10%, enquanto os ordinários (PETR3) caíram 3,39%.
Cenário global
O dia foi de perdas generalizadas nas principais praças globais com a volta dos temores de desaceleração das atividades em reflexo da alta generalizada dos fundos.
Em Wall Street, o Dow Jones caiu 0,64%, enquanto S&P 500 perdeu 0,77% e a Nasdaq cedeu 1,02%.
No Velho Continente, o índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em baixa de 0,34%.
O presidente do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), Jerome Powell, pressionou o humor dos investidores ao reforçar que os juros norte-americanos deverão subir ainda neste ano.
Em dois dias de depoimentos ao Congresso, o chefe da autoridade monetária sinalizou que as taxas devem subir mais 0,50 ponto percentual. Atualmente, os juros estão em 5% e 5,25%.
No outro lado do Atlântico, o Banco da Inglaterra (BoE) surpreendeu, na véspera, o mercado ao aumentar a taxa de juros em 0,50 ponto percentual, elevando o patamar para 5% ao ano.
Na semana passada, o Banco Central Europeu (BCE) havia feito movimento semelhante, acrescentando 0,25 ponto percentual, jogando os juros para 4,5%.
*Com informações da Reuters.