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    Ibovespa fecha em alta com alívio das tensões na Ucrânia; dólar cai a R$ 5,18

    Principal índice da bolsa subiu 0,82%, aos 114.828,18 pontos, enquanto a moeda norte-americana desvalorizou 0,75%, a R$ 5,18

    Alivio de tensões na Ucrânia reduz aversão global a riscos
    Alivio de tensões na Ucrânia reduz aversão global a riscos Joshua Mayo/Unsplash

    João Pedro Malardo CNN Brasil Business* em São Paulo

    O Ibovespa fechou em alta de 0,82% nesta terça-feira (15), aos 114.828,18 pontos, maior patamar desde 15 de setembro de 2021 (115.063 pontos). A bolsa operou no azul diante da recuperação global dos ativos, após sinais de afrouxamento nas tensões geopolíticas com retirada de algumas tropas russas da fronteira com Ucrânia, embora as incertezas continuem.

    A queda dos preços do petróleo e do minério de ferro seguraram um avanço ainda maior do índice, que foi pressionado por Petrobras e Vale. Na outra ponta, destaque para o salto do Banco do Brasil, após resultado acima do esperado.

    Já o dólar fechou em queda de 0,75%, a R$ 5,18 —o menor valor desde 6 de setembro do ano passado (R$ 5,176)— em um dia de apetite geral por ativos de risco em meio a uma trégua nas tensões geopolíticas globais.

    Ao longo do dia, o real foi beneficiado por um ciclo de investimentos estrangeiros em mercados ligados a commodities e pelos juros altos no Brasil.

    Na véspera (14), o dólar caiu 0,44%, a R$ 5,219. Já o Ibovespa teve alta de 0,29%, aos 113.899,19 pontos.

    Exterior

    Nesta terça-feira, o Ministério da Defesa da Rússia afirmou que algumas tropas localizadas próximas à Ucrânia estão retornando para suas bases. O ministro de Relações Exteriores, Sergei Lavrov, sugeriu que Moscou deveria continuar na trajetória diplomática para resolver as tensões.​

    Uma possibilidade de invasão da Ucrânia pela Rússia – com uma resposta dos Estados Unidos e aliados – aumenta a aversão a riscos dos investidores e leva à busca pelo dólar.

    O cenário ainda não supera, porém, os benefícios para o real e para o Ibovespa de um ciclo de migração de investimentos para mercados ligados a commodities, com o Brasil beneficiado também pelos juros altos, que limita os efeitos das apostas em uma política de alta de juros agressiva pelo Federal Reserve.

    O ciclo está ligado, em partes, a expectativas de mais medidas pró-crescimento na China, enquanto pressões econômicas baixistas persistem, estão aumentando as esperanças de uma recuperação na demanda por metais, disseram analistas, o que leva a altas nos preços.

    No caso do petróleo, analistas do Goldman Sachs afirmam que os preços do petróleo Brent devem superar os US$ 100 por barril neste ano. Segundo eles, o mercado de petróleo continua em um “déficit surpreendentemente grande” já que o efeito da variante Ômicron do coronavírus na demanda pela commodity é, até agora, menor do que o que era esperado. Além disso, as tensões na Ucrânia fazem os preços subirem, já acima dos US$ 90.

    Outro fator que pesa nesse movimento é a expectativa de alta de juros nos Estados Unidos já no mês de março, de 0,5 ponto percentual, reforçada por dados de inflação levemente acima do esperado e de queda nos pedidos de auxílio-desemprego divulgados na quinta-feira.

    Com isso, investidores estrangeiros têm saído do mercado de ações norte-americano e migrado para outros vistos como mais resilientes ou baratos.

    Qualquer alta de juros no país, porém, pode afetar os investimentos no Brasil, já que torna os títulos do Tesouro norte-americana ainda mais atrativos para os investidores, pressionando negativamente o real.

    Nesse sentido, estará no radar a divulgação na quarta-feira (16) da ata da última reunião sobre juros dos Estados Unidos, em fevereiro. Com a inflação americana batendo recorde em quatro décadas, o Fed vem dando indicações mais duras aos mercados, mas não está claro o tamanho e ritmo do aperto que o banco central americano fará, e a ata pode dar mais pistas.

    Brasil

    Na agenda doméstica, os olhos estão para a chegada de Jair Bolsonaro em Moscou. O governo diz que o motivo da viagem é o fortalecimento das relações comerciais do Brasil com a Rússia, já que o agronegócio nacional depende do fornecimento de fertilizantes da região.

    No radar dos investidores também está a chamada PEC dos Combustíveis, que permitiria a suspensão de impostos para esses produtos. Representando um possível descontrole de gastos, o tema tem potencial para afetar negativamente o real e o Ibovespa.

    Segundos projeções da equipe econômica do governo, a perda de arrecadação pode chegar a R$ 100 bilhões na proposta mais abrangente, passando por R$ 54 bilhões no texto atualmente apoiado pelo Planalto e por R$ 18 bilhões caso o projeto se limite ao diesel.

    Duas PECs sobre o tema já foram protocoladas, uma no Senado e outra na Câmara. Uma delas envolveria renúncias fiscais para reduzir o preço dos combustíveis.

    À CNN, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que a PEC dos Combustíveis não é o foco no momento, já que a Casa vai analisar dois projetos de leis sobre o tema que devem retirar elementos da proposta. A votação deve ocorrer na quarta-feira (16).

    Um dos PLs determina um valor fixo de cobrança do ICMS para combustíveis, com o tributo estadual deixando de variar seguindo flutuações de preço do produto. Segundo a analista de política da CNN Basília Rodrigues, o projeto deve valer inicialmente apenas para o diesel.

    Já o outro criaria um fundo de estabilização do preço do petróleo e derivados (diesel, gasolina e GLP), com uma nova política de preços internos de venda para distribuidores.

    No setor corporativo, o Tribunal de Contas da União (TCU) retoma hoje o julgamento sobre a capitalização da Eletrobras.

    Sobe e desce da B3

    Veja os principais destaques do pregão desta terça-feira:

    Maiores altas

    • Locaweb (LWSA3) +15,31%;
    • Banco Pan (BPAN4) +10,47%;
    • Azul (AZUL4) +8,45%;
    • Weg (WEGE3) +8,02%;
    • Gol (GOLL4) +7,41%

    Maiores baixas

    • CSN (CSNA3) -4,83%;
    • 3R Petroleum (RRRP3) -4,74%;
    • Bradespar (BRAP4) -3,67%;
    • Vale (VALE3) -2,97%;
    • PetroRio (PRIO3) -2,83%

     

    *Com informações de Priscila Yazbek e da Reuters