Viagem internacional na agenda: veja qual o melhor momento para comprar dólar
Em maio, dólar caiu cerca de 6,9% frente o real, mas é impossível prever o comportamento da moeda
As férias de meio de ano se aproximam e muitos aproveitam o período para viajar ao exterior, especialmente para lugares no hemisfério Norte, onde é período de verão. Após algumas baixas nas últimas semanas, a moeda norte-americana, principal divisa para transações internacionais, encerrou em alta de 1,10%, a R$ 4,80 nesta quarta-feira (1º).
Com tanto sobe e desce recente, especialistas entrevistados pelo CNN Brasil Business afirmam que este é o momento para comprar a moeda norte-americana caso tenha alguma viagem programada para o exterior – independentemente da data.
Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos, acredita que esse momento é propício, nem que seja para comprar 50% do montante que será usado porque, se cair mais, conseguirá fazer a outra parcela em um preço mais atrativo.
Ele aponta que um dólar justo hoje é em torno de R$ 4,82. Dessa forma, “o real está mais próximo das máximas contra o dólar”.
Leandro Otávio Sobrinho, sócio fundador da Raise Investor, ressalta também que todo momento é importante dolarizar, seja para uma viagem ou para um investimento, “já que é impossível prever a tendência do mercado”.
De todo modo, ele sugere fazer gradualmente, para que o brasileiro não seja surpreendido em um ciclo inesperado de alta ou de baixa. O que dependerá, segundo Otávio Sobrinho, é o período que a viagem está marcada.
“Se estiver longe, faz uma parte agora [para aproveitar a cotação] e outra parte daqui a algumas semanas ou meses. Porém, se a viagem é nos próximos dias, então dependerá da urgência da pessoa quanto ao dólar”.
Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, diz ainda que é sempre momento para comprar dólar, independente do motivo, pois, historicamente, o “real se desvaloriza com o passar do tempo por conta da inflação.”
Desde que o real foi criado, em 1994, sua cotação frente o dólar saiu de R$ 1 = US$ 1 para quase R$ 6 = US$1.
Entenda o movimento da moeda
O dólar protagonizou quedas no começo do ano e até o início de maio devido o posicionamento do Federal Reserve (FED, ou banco central dos Estados Unidos) de aumento nos juros para controlar a inflação.
Os norte-americanos observam a inflação, que está perto das máximas de 40 anos, como o principal problema que o país enfrenta hoje. O BC dos EUA está encarregado de deflacionar a inflação de 8,3% para sua meta de cerca de 2%.
Otávio Sobrinho explica que o posicionamento do Fed aponta para os investidores um cenário de incerteza e maior agressividade. Assim, o investidor opta por tomar menos risco e dolarizar seus investimentos, tirando o capital dos países emergentes, como o Brasil.
Porém, ele explica que, por conta do último posicionamento do Federal Reserve, de ainda ampliar a taxa de juros, mas em períodos mais longos, o investidor começa a se dispor um pouco mais para o risco, buscando o Brasil.
Dessa forma, a cotação da moeda brasileira começou a recuar frente o dólar. Em maio, o dólar caiu cerca de 6,9% frente ao real.
Futuro
Por outro lado, os especialistas afirmaram ser impossível prever como será o desempenho da moeda nos próximos dias, semanas ou meses. “Adivinhar a direção da moeda é a coisa mais difícil do mercado”, afirma o fundador da Quantzed.
Mas ele lembra que a moeda já encostou em R$ 4,60. “Para chegar perto deste valor, o discurso do Fed deve continuar sendo moderado”.
Por outro lado, o fundador da Raise Investor também comenta que o Brasil passará por um período eleitoral em outubro, o que torna ainda mais difícil uma previsão sobre o desempenho da moeda.
“Precisamos entender como o mercado precificará esse cenário; será um ano de muitas surpresas tanto para a bolsa quando para a moeda norte-americana”.