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    Ômicron desacelerará recuperação econômica até 2023, diz ONU

    Impacto será maior em países em desenvolvimento de América Latina, África e Caribe

    Beatriz Puente*da CNN , no Rio de Janeiro

    Depois de expandir 5,5% no ano passado, a produção global deverá crescer apenas 4% em 2022 e 3,5% em 2023. A projeção foi divulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU), no relatório “Situação e Perspectivas Econômicas Mundiais de 2022”.

    Em meio a rápida disseminação da variante Ômicron pelo mundo, a previsão é de que a pandemia continue a atrapalhar a atividade econômica no curto prazo. Além de a cepa frear a retomada, o relatório também aponta que desafios no mercado de trabalho, pressões inflacionárias e suprimentos também contribuem para a desaceleração.

    A ONU prevê índices de emprego inferiores aos pré-pandemia para, pelo menos, os próximos dois anos. O documento mostra que a participação da força de trabalho nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo, seguem em níveis abaixo da média histórica.

    De acordo com a entidade, o fato se deve à combinação entre os postos de trabalho fechados pela pandemia e os trabalhadores que optaram por deixar suas vagas para cuidar da família ou do lar. A previsão também espera desempenho fraco nos países em desenvolvimento.

    O documento mostra ainda que, neste cenário, o Brasil apresenta a segunda maior taxa de desemprego entre os países da América Latina, atrás apenas da Costa Rica, na América Central. Segundo a ONU, neste grupo, o impacto será mais prolongado em relação às nações mais ricas.

    A ONU acredita que nações de América Latina, Caribe e África devem ter um crescimento significativamente menor, em comparação com as projeções pré-pandemia, levando a mais pobreza e menos progresso no desenvolvimento sustentável e na ação climática.

    Segundo o relatório, o Brasil deve ter 0,5% de crescimento econômico em 2022 e 1,9% em 2023. Na avaliação, o país é classificado como economia em desenvolvimento, ao lado de nações como China e Índia.

    Outra projeção importante feita pela ONU é que o número de pessoas que vivem em extrema pobreza permanecerá acima no nível pré-pandemia, podendo, inclusive aumentar até 2023 nas economias mais vulneráveis, enquanto os países ricos devem se recuperar quase totalmente no próximo ano. Atualmente, há 897 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza no mundo.

    “Prevê-se que o número de pessoas que vivem em extrema pobreza em todo o mundo diminua ligeiramente para 876 milhões em 2022, mas que permaneça bem acima dos níveis pré-pandêmicos. As economias com desenvolvimento rápido do Leste Asiático e do Sul da Ásia e os países desenvolvidos devem experimentar alguma redução da pobreza”, diz um trecho do documento.

    *Sob supervisão de Stéfano Salles

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