Ibovespa fecha em queda puxada pela China; dólar sobe a R$ 5,53
Investidores também acompanhavam sabatina e aprovação de Galípolo à presidência do BC no Senado
O Ibovespa recuava nesta terça-feira (8), pressionado pela queda de commodities e a retomada de negócios na China. Enquanto o dólar avançava de olho no exterior, com perspectivas de juros e conflito no Oriente Médio.
O principal índice do mercado brasileiro caiu 0,38%, aos 131.511,73 pontos. Já o dólar encerrou o dia em alta de 0,85%, cotado a R$ 5,5334.
O mercado de ações da China retomou os trabalhos após o feriado da Semana Dourada pautado pela série de estímulos anunciados nos últimos dias para movimentar a economia chinesa.
Sem novas medidas anunciadas nesta terça, o que decepcionou investidores pelo mundo, o preço das commodities caiu ao longo do dia com os anúncios abaixo do esperado.
“O pacote ficou bem abaixo do esperado pelo mercado, que tinha grande expectativa sobre o governo chinês anunciar um grande pacote de estímulos nessa volta do feriado”, pontua Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.
Ele destaca que o minério de ferro caiu mais de 5% – sendo que todas as commodities metálicas acompanharam a queda do minério – enquanto o petróleo acabou caindo 5% também.
Isso provocou a queda de empresas exportadoras como Vale e Petrobrás, que recuaram, respectivamente, 3,03% e 2,16% no pregão.
“Por conta do peso que os papéis tem no Ibovespa, os destaques de queda ficam para a Vale e Petrobras, que cai hoje refletindo a frustração do mercado quanto ao pacote de estímulos anunciado nessa madrugada na China, que acabou derrubando a cotação de todas as commodities”, avalia Fernandes.
“Com a frustração do pacote de estímulos na China, provocando a queda das commodities, isso acaba piorando os termos de troca de países exportadores, impactando negativamente suas divisas, e com isso o dólar acaba se fortalecendo frente os países exportadores, o que justifica a alta do dólar hoje frente o real”, conclui.
Já na ponta positiva do pregão figurava a Azul, que subiu 7,48% no pregão, após a aérea fechar um acordo de R$ 3 bilhões com seus credores. Agora, a empresa busca levantar capital.
No Brasil, chamava a atenção a sabatina de Gabriel Galípolo na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado, que resultou em aprovação, por unanimidade, da indicação de Galípolo para a presidência do Banco Central a partir de 2025.
O nome indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para substituir Roberto Campos Neto, que tem mandato no comando da autarquia até dezembro, foi aprovado por 26 votos favoráveis no colegiado.
Mais cedo, a queda de commodities como o minério de ferro e o petróleo no exterior, com Vale desabando mais de 3% e Petrobras recuando 1,6%, pressionaram o Ibovespa.
No exterior, a China era um dos destaques no noticiário, com Pequim afirmando estar “totalmente confiante” em atingir sua meta de crescimento para o ano inteiro, mas sem adotar medidas fiscais mais vigorosas, o que decepcionou investidores.
“As expectativas foram elevadas, mas a entrega foi decepcionante”, disse à Reuters o estrategista cambial Christopher Wong, da OCBC.
A agenda macroeconômica dos Estados Unidos está leve esta semana, mas investidores buscarão sinais na divulgação na quarta-feira da ata da reunião de setembro do Fed, em que as autoridades concordaram quase unanimemente em cortar os juros em 50 pontos-base, bem como no relatório do índice de preços ao consumidor de setembro na quinta-feira.
Operadores mudaram suas apostas sobre o afrouxamento monetário do Fed este ano. Um relatório de emprego forte na semana passada apoiou comentários do chair Jerome Powell de que o banco central realizará reduções de 25 pontos após o corte grande de setembro.
O presidente do Fed de Nova York, John Williams, que é membro permanente do Comitê Federal de Mercado Aberto, concordou com os comentários de Powell, dizendo ao Financial Times, em uma entrevista publicada nesta terça-feira, que não considera o corte de setembro “como a regra de como agiremos no futuro”.
Os mercados estão atribuindo cerca de 90% de chance de uma redução de 25 pontos nos juros em novembro, segundo a ferramenta FedWatch da CME, e alguns agora apostam na manutenção da taxa.
*Com informações de Reuters