Bolsa cai com cenário fiscal e expectativa com juros no radar; dólar vai R$ 5,53
Semana será marcada pela divulgação de dados da inflação no Brasil e nos EUA após mudanças nas políticas monetárias
Os principais índices do mercado financeiro brasileiro fecharam no campo negativo nesta segunda-feira (23), com mercados analisando o cenário fiscal doméstico após apresentação de dados do governo mais cedo.
Ainda na cena local, os mercados aguardam a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que será publicada na manhã desta terça (24), com mais detalhes da decisão em aumentar os juros em 0,25 ponto na semana passada.
A semana também é marcada por expectativa de inflação no Brasil, com dados prévios de setembro, e do PCE, o indicador favorito do Federal Reserve (Fed) para balizar os juros nos Estados Unidos.
O Ibovespa fechou a sessão com perda de 0,38%, aos 130.568 pontos, na direção oposta ao clima positivo nas bolsas de Wall Street e nas princcipais praças da Europa.
O dólar voltou a subir ante o real, recuperando parte das perdas registradas na última semana, com novos ajustes de posição de olho em dados da inflação nesta semana.
A divisa norte-americana encerrou a sessão com avanço de 0,26%, negociado a R$ 5,535 na venda, em dia de alta do dólar contra a cesta de maiores moedas do mundo, com destaque para emergentes.
Fiscal
Nesta sessão, as atenções se voltavam para o cenário fiscal brasileiro, com a realização da entrevista coletiva sobre o relatório bimestral de receitas e despesas, em que a equipe econômica reiterava o compromisso do governo com a meta fiscal de déficit zero para este ano.
Na sexta-feira, os ministérios do Planejamento e da Fazenda apontaram que a contenção total de verbas de ministérios para respeitar regras fiscais será reduzida de R$ 15 bilhões para R$ 13,3 bilhões, com ganhos de arrecadação compensando uma alta de gastos obrigatórios.
Analistas ouvidos pela CNN afirmaram que as medidas propostas pelo governo não são suficientes.
Mais cedo, o secretário executivo do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), Gustavo Guimarães, afirmou que a reversão do bloqueio orçamentário de R$ 13,3 bilhões é “muito difícil” de acontecer.
Segundo ele, a única possibilidade de reversão era do contingenciamento de R$ 3,8 bilhões — o que foi feito devido a um leve aumento de receitas que compensou os gastos obrigatórios. A situação também permitiu um bloqueio menor que o feito anteriormente, em R$ 2,1 bilhões.
De olho na inflação
A semana também terá dados da inflação no Brasil e nos EUA. Por aqui, na quinta (26) sai o IPCA-15, com prévia dos dados de setembro. No dia seguinte, o governo dos EUA divulga o PCE de agosto.
Os números devem balizar as expectativas do mercado para os juros, uma semana após a superquarta definir novas políticas monetárias com corte nos EUA e aumento no Brasil.
Economistas ouvidos pelo Banco Central (BC) elevaram a expectativa para a taxa de juros neste ano. Agora, o mercado enxerga a Selic a 11,50% em 2024, segundo o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira.
No relatório anterior, a previsão era de que os juros encerrassem o ano a 11,25%.
Além dos juros, a expectativa para a alta da inflação também subiu para 4,37% neste ano. No relatório da semana passada, a expectativa era de que o índice terminasse o ano com alta de 4,35%.
O centro da meta oficial para a inflação é de 3%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.