Ibovespa fecha em alta com apoio da Vale após expectativas com China; dólar cai
Mercados globais operam com apetite ao risco após promessas de mais impulsos nas atividades do gigante asiático
O Ibovespa fechou no campo positivo e o dólar caiu ante o real nesta quinta-feira (26), com investidores em todo mundo mais dispostos ao risco após promessas de mais estímulos econômicos na China.
Em mercados emergentes, o impulso era particularmente profundo devido ao crescimento dos preços de commodities importantes, como minério de ferro e cobre, uma vez que o gigante asiático é o maior importador de matérias-primas do planeta.
O principal índice do mercado doméstico fechou a sessão com alta de 1,08%, aos 133.009 pontos, em linha com clima positivos nas bolsas em Wall Street e nas principais praças da Europa.
O desempenho foi sustentado pela alta em bloco de companhias expostas ao minério de ferro, com destaque para o avanço de 6,01% da Vale (VALE3) — papel com maior peso no Ibovespa.
A alta do mercado doméstico foi freada pela queda de petroleiras, acompanhando o mergulho da cotação do petróleo com rumores de aumento de produção da Arábia Saudita e outros grandes exportadores.
O barril do tipo Brent perdeu 2,53%, fechando a US$ 71,60, enquanto o WTI recuou 2,9%, negociado a R$ 67,67.
As ações da Petrobras (PETR4) encerraram o dia com perda de 2,16%, acompanhando as maiores baixas do dia.
A maior busca por risco deu força para moedas de mercados emergentes contra o dólar. No câmbio doméstico, a divisa norte-americana recuou 0,59%, a R$ 5,445 na venda.
China traz nova onda de otimismo
Nesta manhã, investidores globais buscavam ativos de maior risco, tanto nos mercados de câmbio quanto de ações, à medida que a promessa de novas medidas de estímulo na segunda maior economia do mundo elevava a confiança com as perspectivas de diversos países ao redor do globo.
Líderes chineses prometeram nesta quinta-feira implementar “gastos fiscais necessários” para atingir a meta de crescimento econômico deste ano de aproximadamente 5%, uma vez que o país enfrenta uma forte queda no mercado imobiliário e à fragilidade da demanda interna.
O banco central da China já havia divulgado na terça-feira seu mais agressivo afrouxamento monetário desde a pandemia, sinalizando cortes em uma ampla gama de taxas de juros e uma injeção de liquidez de 1 trilhão de iuanes (US$ 140 bilhões) no sistema financeiro, entre outras medidas.
Em efeito semelhante ao observado na terça, agentes financeiros reagiram com otimismo ao novo anúncio, gerando ganhos para ações na Europa e na Ásia, além de impulsionar ativos de mercados emergentes.
BC eleva previsão do PIB
No cenário doméstico, o Banco Central (BC) elevou as expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 para 3,2%, ante previsão de 2,3%, conforme dados do Relatório Trimestral da Inflação, publicado nesta manhã.
Segundo o BC, a mudança veio após alta acima do esperado no segundo trimestre. Apesar do avanço, a autoridade monetária vê a economia desacelerando no terceiro trimestre. Para 2025, a expectativa é para avanço de 2%.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, também afirmou nesta manhã que a alta de 0,5 ponto nos juros não esteve nos debates na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
O encontro encerrado no dia 18 de setembro determinou o aumento de 0,25 ponto na Selic, elevando a taxa básica para 10,75% ao ano.
“Não teve debate para alta de 0,5 ponto. Se não está na ata, não houve esse debate”, disse.
O presidente do BC ainda indicou que a divulgação do IPCA-15, conhecida como prévia da inflação, trouxe um dado “bom”, mas destacou que as preocupações da autoridade monetária sobre preços está no longo prazo.
“Este IPCA-15 de fato, quando a gente olha especialmente a parte de núcleos, está um pouco melhor”, disse. “É um número bom, mas nossa decisão não nossa decisão não está baseada em um dado de curto prazo, sim em um conjunto de dados”, completou mais tarde.
A prévia da inflação ficou em 0,13% em setembro, segundo divulgação do IBGE na quarta-feira (25). O dado ficou bem abaixo das expectativas do mercado, de 0,29%.
*Com Reuters