Ibovespa fecha em queda com prévia da inflação e expectativa por juros; dólar sobe
Desempenho segue clima majoritariamente negativo nas bolsas globais em movimento de aversão ao risco
Os principais indicadores do mercado brasileiro fecharam no campo negativo nesta quarta-feira (25), com investidores analisando os impactos dos dados da prévia da inflação de setembro nos próximos passos da política de juros.
O cenário replica o movimento de aversão ao risco observado nas bolsas globais, com Wall Street e praças na Europa também fechando majoritariamente no vermelho, um dia após avanços motivados pelo anúncio de estímulos na economia da China.
O Ibovespa encerrou o dia com perda de 0,43%, aos 131.586 pontos, a despeito do avanço de gigantes do mercado, como Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3), que ganharam 0,73% e 0,45%, respectivamente.
A fuga do risco deu força ao dólar no mercado global, encerrando com alta de 0,29% contra o par brasileiro, negociado a R$ 5,477.
Na terça-feira (24), diversos pares da moeda norte-americana, incluindo o real, ganharam sobre o dólar devido ao apetite por risco impulsionado pelo anúncio de um pacote de medidas de estímulo econômico na China, que tem sofrido com uma crise imobiliária e uma demanda interna fraca.
Esse impulso, no entanto, parecia se dissipar nesta sessão, com alguns analistas ponderando sobre o verdadeiro efeito do estímulo chinês, gerando queda nos preços de algumas commodities, como o petróleo.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) desacelerou para 0,13% neste mês, abaixo da expectativa dos analistas. Em 12 meses, o indicador foi a 4,12%.
O setor de transportes foi o destaque ao recuar 0,08% – contra alta de 0,83% em agosto -, com deflação de 0,64% dos combustíveis.
Na ponta oposta, o segmento de habitação subiu 0,5%, o maior impacto do índice, puxado pelo encarecimento da energia elétrica, que registrou alta de 0,84% em setembro por conta da bandeira tarifária vermelha patamar 1 a partir deste mês.
Os dados servem para investidores recalibrarem suas expectativas para a inflação e tentar prever os próximos movimentos da política de juros após alta de 0,25 ponto na semana passada.
O Banco Central (BC) persegue meta de 3% neste ano e nos próximos, com tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.
O IPCA-15 foi bem recebido pelo mercado. Economistas destacaram números mais favoráveis em serviços e nos núcleos, embora permaneçam as preocupações para os próximos meses, que tendem a ser de maior pressão sobre os preços.
“O IPCA-15 foi uma boa notícia, não apenas por ter vindo para baixo, mas porque a qualidade da queda foi boa”, comentou Paulino Rodrigues, CFO do Banco Mercantil.
Neste cenário, a taxa do DI para janeiro de 2027 – um dos mais líquidos – atingiu a mínima de 11,97% às 9h04, logo após a divulgação do IPCA-15, em baixa de 19 pontos-base ante o ajuste da véspera.
Por trás do movimento estava a percepção de que, com uma inflação mais acomodada, o Banco Central pode não precisar elevar tanto a Selic quanto o originalmente esperado.
Ao longo da manhã, no entanto, as taxas recuperaram força e chegaram a oscilar em alta no início da tarde. De acordo com o economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano, o avanço do dólar ante o real e a alta dos rendimentos dos Treasuries no exterior influenciaram a piora vista na curva brasileira.
Durante a tarde as taxas futuras voltaram a apresentar baixas leves, mas ainda permaneceram em patamares considerados elevados.
*Com informações da Reuters