Dólar vai a R$ 5,65 e renova máxima desde janeiro de 2022; Ibovespa sobe com Vale e Petrobras
Cenário fiscal pressiona mercado, que renova expectativa de aumento da inflação em 2024 e 2025
O dólar subiu firme contra o real nesta segunda-feira (1º) e voltou a renovar as máximas desde janeiro de 2022, com cenário fiscal pressionando o humor dos investidores e contrariando o cenário de estabilidade da divisa norte-americana ante a cesta de moedas fortes.
O movimento dá seguimento à alta vista no primeiro semestre, período que o dólar subiu 15% ante a divisa brasileira.
A moeda dos EUA encerrou a primeira sessão de julho com alta de 1,13%, negociada a R$ 5,653 na venda, o maior valor desde 10 de janeiro, quando foi a R$ 5,672
O Ibovespa também fechou a primeira do segundo semestre em alta, com avanço de 0,65%, na faixa dos 124,718 mil pontos, apoiada por Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) em dia de alta de commodities.
Também entre as altas, SLC Agrícola saltou mais de 6% após análise mostrar valorização de suas terras entre 2023 e 2024.
Na ponta oposta, destaque negativo para ações de varejo e construção civil, setores mais sensíveis ao avanço dos juros.
Pela manhã, destaque para o relatório Focus, que indicou que a projeção mediana do mercado para a inflação em 2024 passou de 3,98% para 4% e em 2025 de 3,85% para 3,87%.
Em ambos os casos, as expectativas estão se distanciando do centro da meta contínua de 3% para a inflação.
Além disso, as projeções do Focus mostraram que o país seguirá com déficit primário pelo menos até 2027 — já após o atual governo Lula.
Os economistas ainda veem o dólar fechando em um valor mais alto, a R$ 5,20 , ante R$ 5,15 na semana passada.
No cenário externo, os mercados se movimentavam com base no resultado do primeiro turno da eleição parlamentar na França. Apesar da extrema-direita conquistar o maior número de votos, a vitória foi vista como abaixo do esperado, levantando expectativas de uma disputa pelo cargo de primeiro-ministro no país.
Dólar em alta
Nas últimas semanas, a moeda norte-americana tem acumulado uma série de ganhos ante o real, uma vez que os investidores seguem preocupados com o rumo das contas públicas brasileiras e com as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à condução da política monetária pelo Banco Central (BC).
Na sexta-feira, o dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,590 na venda, atingindo o maior valor de fechamento desde 10 de janeiro de 2022, em uma sessão marcada por novas críticas de Lula ao mercado financeiro e por declarações do presidente BC, Roberto Campos Neto, sobre o ajuste fiscal.
O chefe do Executivo afirmou que os recentes ganhos do dólar contra o real são consequência de especulação com derivativos, acrescentando que o BC tem a obrigação de investigar a situação. Ele havia dito anteriormente que os investidores que apostarem contra a moeda brasileira vão “quebrar a cara”.
Campos Neto, por sua vez, argumentou que governos que buscam ajustes fiscais muito focados em ganho de receita, como é o caso do Brasil, são menos eficientes e podem ter como resultado menor investimento, menor crescimento econômico e inflação mais alta.
Ele ainda renovou a preocupação com a desancoragem das expectativas de inflação em relação à meta do BC.