Dólar sobe a R$ 5,05, maior patamar desde outubro; Ibovespa recua 0,87%
Dados fortes de atividade industrial dos Estados Unidos compensaram nova evidência de arrefecimento da inflação
O dólar voltou a fechar acima de R$ 5 e o Ibovespa recuou nesta segunda-feira (1º), com novo temor de adiamento do corte dos juros nos Estados Unidos após dados indicarem resiliência da maior economia do mundo.
O principal índice do mercado doméstico encerrou com perda de 0,87%, aos 126.990 pontos, com forte pressão da queda do setor financeiro e seguindo mau humor em Wall Street.
Pressionado pelo avanço dos títulos do Tesouro norte-americano, o dólar fechou a sessão com alta firme de 0,86%, a R$ 5,058 na venda, no maior patamar desde outubro do ano passado.
O mercado passou a ver menor chance de o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) cortar juros a partir de junho após novos dados mostrarem força nas atividades.
A mudança foi captada na plataforma do CME Group que monitora o comportamento da curva futura.
Neste início de semana, a ferramenta apontava 53,6% de chance de o Fed cortar a taxa básica em 25 pontos-base em junho, comparado com cerca de 60% na última quinta-feira. Como consequência, o risco de manutenção na faixa atual (entre 5,25% e 5,50%) naquele mês avançou de 39,6% para 46,4%.
O setor industrial dos Estados Unidos cresceu pela primeira vez em um ano e meio em março, com forte recuperação da produção e aumento dos novos pedidos, reduzindo o espaço para o Federal Reserve (Fed, na sigla em inglês) afrouxar sua política monetária restritiva.
O Instituto de Gestão do Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) informou nesta segunda-feira que seu Índice de Gerentes de Compras (PMI) industrial aumentou para 50,3 no mês passado, a maior e primeira leitura acima de 50 desde setembro de 2022, em comparação com 47,8 em fevereiro.
O número veio após dados de sexta-feira (29), com os mercados no Brasil e nos EUA fechados, mostrarem que o núcleo do índice de inflação norte-americano PCE subiu 0,3% em fevereiro, em linha com a expectativa do mercado. O índice cheio também aumentou 0,3%.
O indicador é o favorito do Fed para definir a polítuca de juros.
O resultado ficou dentro do esperado, mas comentários cautelosos de Powell na própria sexta-feira reforçaram leitura de que o Fed pode adiar ainda mais o início do ciclo de cortes de juros.
Powell disse que a instituição espera que a inflação ceda, mas que se isso não ocorrer as taxas de juros serão mantidas onde estão por mais tempo. Segundo Powell, o Fed deixará que os dados econômicos deem a resposta sobre os juros.
Neste cenário, os rendimentos dos Treasuries começaram o dia em alta, o que também impulsionou as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) no Brasil. O movimento foi amplificado pela divulgação de dados positivos sobre a indústria dos EUA.
No Brasil, essa avaliação reforçou apostas de que, após cortar a taxa básica Selic em 50 pontos-base em seu próximo encontro de política monetária, em maio, o Banco Central tende a não repetir a dose em junho. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.
*Com Reuters