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    Ibovespa fecha em queda de 0,6% com dúvidas por corte de juros nos EUA; dólar fica estável em R$ 4,93

    Na cena doméstica, mercado aguarda por reunião entre Haddad e Lula para tratar de desoneração da folha

    Da CNN* , São Paulo

    O Ibovespa fechou em queda e o dólar ficou praticamente estável ante o real nesta quarta-feira (17), estendendo o pessimismo dos mercados da véspera com as dúvidas de que o corte dos juros nos Estados Unidos comecem no primeiro trimestre deste ano. Em paralelo, investidores analisam dados da China apontando para uma recuperação irregular.

    Na agenda doméstica, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se encontra hoje com o presidente Lula para debater a desoneração da folha de pagamento em meio a queda de braço com o Congresso Nacional.

    O principal índice do mercado brasileiro recuou cerca de 0,6%, encerrando aos 128.523 pontos. Na véspera, o pregão fechou com firme queda de 1,69%, o maior recuo diário em seis meses e a primeira vez abaixo dos 130 mil pontos desde meados de dezembro. Com o desempenho de hoje, indicador tem queda parcial de 1,9% na semana.

    Apesar das pressões globais, o dólar fechou estável, com leve alta de 0,07%, negociado a R$ 4,930 na venda.

    Commodities em queda

    As principais companhias do mercado brasileiro reforçaram a queda no dia com a desvalorização de commodities. A Vale (VALE3) perdeu 1,66% em linha com o recuo do minério de ferro, enquanto a Petrobras (PETR4) caiu 0,58%, acompanhando o movimento para baixo do barril de petróleo.

    Na ponta de cima, as ações da SLC Agrícola (SLCA3) ganharam 3,87%, enquanto Natura (NTCO3) valorizou 2,63%.

    Para Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital, os papéis da empresa de cosméticos apresenta viés de alta desde o ano passado.

    “Apesar de não haver nenhuma relevante notícia sobre a companhia, o ativo vem em tendência de alta desde outubro e, após um período de lateralização nos preços, pode vir a retomar a trajetória de alta. Recentemente, a companhia vendeu a marca ‘The Body Shop’, fato que trouxe otimismo para alguns analistas da ação”, pontuou.

    Petrobras busca autonomia em diesel

    O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, avalia que o anúncio da ampliação da capacidade de refino de Abreu e Lima anunciado nesta quarta-feira vai culminar na autossuficiência de diesel automotivo no Brasil.

    A capacidade de produção da estatal nessa instalação será ampliada em 13 milhões de litros diários do diesel tipo S10.

    Atualmente, cerca de um terço do diesel consumido no Brasil é importado porque o país não tem capacidade de refino suficiente para atender a demanda nacional.

    Desafios globais

    O mercado segue moderando as apostas de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), neste ano. Nesta terça, o diretor do Fed Reserve Christopher Waller disse que, embora a inflação esteja se aproximando da meta de 2% do banco central norte-americano, a entidade não deve ter pressa para reduzir os custos de empréstimos.

    Economistas esperavam que o Fed começasse os cortes em março. A ferramenta CME FedWatch, que monitora as perspectivas de corte, mostra que 66,3% apostam em uma queda de 0,25 ponto percentual.

    Os comentários somaram-se a falas um pouco mais duras de autoridades do Banco Central Europeu (BCE) nos últimos dias, o que levou a uma reversão no otimismo internacional de que as maiores economias do mundo poderiam começar a afrouxar as condições monetárias muito em breve.

    A manutenção de juros altos por mais tempo nas economias avançadas tende a prejudicar a atratividade de divisas emergentes, como o real, uma vez que deixa moedas como o dólar e o euro — já preferidas por serem extremamente seguras — mais rentáveis para investidores estrangeiros.

    Ainda na pauta global, o Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 5,2% no trimestre entre outubro e dezembro em relação ao ano anterior, acelerando em relação aos 4,9% do terceiro trimestre, mas um pouco abaixo da previsão de 5,3% em uma pesquisa da Reuters.

    Na base trimestral, cresceu 1,0%, após alta revisada de 1,5% no trimestre anterior.

    Alguns indicadores de dezembro foram mais sombrios, sugerindo que a prolongada crise imobiliária do país está se aprofundando, bem como que o crescimento das vendas no varejo desacelerou e o investimento permaneceu morno. Apenas a produção industrial mostrou alguns sinais de melhora.

    Desoneração da folha

    No cenário doméstico, as atenções se voltam aos esforços de Haddad em meio aos embates com o Congresso na pauta da desoneração da folha de pagamento para os 17 setores que mais empregam no país.

    Desde o início da semana o ministro faz uma série de reuniões, e hoje se reúne com Lula para debater o tema.

    Segundo apurou a CNN, o governo deve revogar a atual medida provisória e enviar ao Legislativo um projeto de lei com novo desenho para a volta gradual desses setores à tributação sobre a folha de salários.

    Um dos modelos que está em discussão na equipe econômica é aumentar o prazo de transição para a reoneração até 2029.

    Na noite de terça, Haddad disse em entrevista à imprensa que renúncias não previstas no orçamento de 2024, aprovado em dezembro do ano passado, causam um rombo de R$ 32 bilhões nas contas públicas.

    *Com informações de Reuters

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