Ceron rebate críticas sobre Moody’s e defende “pacto social” por grau de investimento
A melhora da classificação de risco faz o país ter nota de corte para que uma instituição ou país seja considerado um porto de investimentos seguros
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, rebateu críticas do mercado sobre a elevação da nota de rating do Brasil pela agência de risco Moody’s. Ele chamou de “raso” qualquer debate que não analise a metodologia utilizada pela agência e convocou para um “pacto social” para que o país consiga dar o “meio passo” de recuperar o grau de investimento.
Ceron criticou a superficialidade de algumas análises que questionam a validade da nova classificação, destacando que muitos dos argumentos contrários se baseiam em opiniões pessoais em vez de análises técnicas robustas, ou até mesmo, se tem “conflito de interesse”.
“Qualquer discussão que não considere a metodologia utilizada e os indicadores pertinentes acaba se tornando um debate raso”, afirmou.
Ele pediu um olhar mais profundo sobre a questão, argumentando que o foco deve estar em como o país pode manter e até melhorar sua classificação, em vez de questionar se a mudança foi “cedo” ou “tardia”.
“As opiniões são legítimas, se são da academia, do mercado de forma isenta, ou mesmo com alguma forma de interesse. Todas as opiniões são bem-vindas, mas com a profundidade do debate técnico. O nosso plano de voo sempre foi muito claro”, disse.
Além disso, o secretário enfatizou que o Brasil deve aproveitar a janela de oportunidade aberta por essa nova classificação. Ele também defendeu a vigilância nas despesas e em outros instrumentos do arcabouço fiscal para consolidar a classificação e conseguir deixar um “legado” para gerações futuras.
“Todo brasileiro deveria ficar feliz por ter conseguido isso”, disse.
Na noite de terça-feira (1º), a agência norte-americana de classificação de risco Moody’s elevou a nota de crédito soberano do Brasil de Ba2 para Ba1. Segundo a instituição, há ainda perspectiva positiva para o país, que havia sido estabelecida em maio.
Com a melhora da classificação de risco, o Brasil está a uma nota do chamado grau de investimento, a nota de corte para que uma instituição ou país seja considerado um porto de investimentos seguros.
A Moody’s também destacou o compromisso do governo com a meta fiscal e a expectativa com a estabilização da proporção dívida/PIB do país para manter sua perspectiva positiva.
Apesar da visão otimista, Ceron reconheceu que o país ainda precisa superar desafios estruturais para alcançar um ambiente econômico mais atrativo. Ele citou a dinâmica das despesas obrigatórias e a necessidade de eliminar ruídos.
“A Moody’s foi clara em colocar que ainda precisamos de avanços, que mantém a perspectiva positiva, mas a materialização do grau de investimento depende do compromisso com o arcabouço fiscal”, disse.
Ele ainda afirmou que o país está diante de uma oportunidade, e que o desafio de cumprir o arcabouço deve ser feito não só pelo Executivo, mas com todos os poderes da República.
“Não é [apenas] um desafio e nós devemos sim debater e consolidar o pacto da sociedade para conquistar o grau de investimento. […] A moody’s deu um voto de confiança para o país, e isso não é para o governo. O rating não é pra um ou outro governo é para o p