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    Mercado de capitais ocupou e superou espaço deixado pelo BNDES nos últimos anos

    Volume de crédito privado concedido no país ultrapassou os desembolsos do BNDES no governo Dilma, época de pico das operações do banco de fomento.

    Entre 2018 e 2019, volume de captação de recursos no setor privado superou desembolsos do BNDES durante governo Dilma
    Entre 2018 e 2019, volume de captação de recursos no setor privado superou desembolsos do BNDES durante governo Dilma Getty Images

    Thais HerédiaGabriel Passerida CNN

    A posse de Aloizio Mercadante no Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, na última segunda-feira (06), foi marcada por críticas à redução na concessão de crédito pelo banco de fomento e pela promessa de que a empresa pública vai recuperar o papel de indutora do crescimento do Brasil.

    Um levantamento do Centro de Estudos de Mercado de Capitais da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Cemec/Fipe) mostra que, de fato, houve uma redução dos desembolsos nos últimos anos. Entretanto, o setor privado não só ocupou o vácuo deixado pelo encolhimento do BNDES, como superou os créditos concedidos pelo banco nos governos petistas.

    Quando olhamos para a captação de recursos no mercado de capitais (gráfico abaixo), é possível notar que os instrumentos do setor financeiro (linha vermelha) superaram o patamar do BNDES (linha azul) nos momentos de maiores reembolsos.

    Essa tendência passou a ser observada a partir de 2016, quando o volume de emissões de dívida de médio e longo prazo ao mercado ultrapassou os aportes concedidos pelo banco de fomento. Entre 2018 e 2019, o volume de captação de recursos no setor privado, inclusive, superou os desembolsos do BNDES durante o governo Dilma, gestão marcada por grande participação do banco na economia do país.

    / CNN

    De acordo com o coordenador do Cemec/Fipe, Carlos Rocco, o desenvolvimento na funcionalidade do financiamento das empresas tem sido fundamental nessa evolução, com maior qualidade e garantia das operações. Entre as mudanças estão o Open Finance e as fintechs de crédito, além da expectativa pela chegada da duplicata eletrônica.

    O resultado dessa equação é uma redução na inadimplência e no spread bancário. Rocco destaca, no entanto, que o BNDES tem um papel central no atendimento a pequenas empresas que não conseguem acessar o mercado privado.

    O economista-chefe do Banco BV vai na mesma linha. Em entrevista ao CNN Money, Roberto Padovani destacou o papel do financiamento público em momentos de maior risco.

    “Em momentos de tensão, o acesso de microempresas ao mercado bancário é mais complicado. Eu acho que o papel do BNDES é exatamente esse como o que a gente viu em programas na pandemia. O Pronampe, por exemplo, foi um teve bastante sucesso. O BNDES tem, de fato, um papel, mas é um papel localizado. O foco deve ser em micro e pequenas empresas e não em criar campeões nacionais como foi no passado.”

    O levantamento da Fipe também mostra como as grandes empresas perderam espaço para as pequenas e médias na destinação dos recursos do BNDES nos últimos anos.

    Em 2010, por exemplo, as grandes empresas (amarelo) recebiam mais de 70% dos créditos do banco público. As médias (cinza), 8,1% e as pequenas (laranja), 6,1%. Dez anos mais tarde, as grandes empresas passaram a representar 47,5% dos aportes do BNDES. As médias saltaram para 26,1% e as pequenas para 17,5%.

    / CNN