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    Maio tem “virada negativa” na economia e culpa é dos juros, dizem empresários

    Grupo de gestores queria aceno de Campos Neto sobre início do ciclo de queda da Selic, mas saíram de reunião sem nenhuma sinalização de quando os cortes podem efetivamente começar

    Daniel RittnerBasília Rodriguesda CNNGustavo Uribe , em Brasília

    Em encontro com a cúpula da equipe econômica do governo e membros do Congresso Nacional nesta terça-feira (23), grandes empresários fizeram um relato de que o desempenho da economia piorou fortemente em maio e que os indicadores vão demonstrar um tombo no nível de atividade.

    A “virada de maio” – no sentido negativo – foi atribuída pelos representantes do setor privado à continuidade da taxa de juros em 13,75%. Eles afirmaram que os números devem apontar retração nas vendas do varejo, enfraquecimento do crédito, queda na produção de automóveis e de linha branca.

    O encontro ocorreu na residência oficial do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e contou com a presença do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

    Eles estavam acompanhados dos relatores do arcabouço fiscal, Claudio Cajado (PP-BA), e da reforma tributária, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Também estiveram na reunião o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

    Do lado do PIB foram pesos-pesados da indústria, da construção civil, de bancos, do agronegócio, da infraestrutura, do varejo e da mineração.

    Os empresários queriam um aceno de Campos Neto sobre o início do ciclo de queda da Selic, mas saíram sem nenhuma sinalização de quando os cortes podem efetivamente começar. Segundo relatos feitos à CNN, mais de uma pessoa afirmou ao presidente do BC que “o remédio [dos juros] vai matar o doente”.

    De acordo com um dos presentes, muitas companhias se endividaram para tocar projetos de expansão com os juros a 2% anuais. Cerca de 70% do crédito contraído, na palavra de um deles, seria para bancar o “capex” (investimento produtivo e de ampliação) das empresas.

    Com o aumento da Selic e dos juros em geral, as dívidas estão ficando impagáveis e não há mais crédito novo na praça – seja corporativo, seja para os consumidores. Até mesmo no agro, conforme os relatos levados nesta terça-feira para Brasília, tem havido interrupção de financiamento.

    No caso da indústria, os empresários afirmaram que a linha branca (eletrodomésticos) pode iniciar uma onda de demissões. Entre os representantes do PIB estavam Rubens Ometto (Cosan), André Esteves (BTG), Benjamin Steinbruch (CSN), Carlos Sanchez (EMS), Flávio Rocha (Riachuelo) e os presidentes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney.

    Também foi ao encontro o fundador e presidente do conselho da MRV Engenharia, o empresário Rubens Menin, que é controlador do Inter, da Log Commercial Properties e da CNN Brasil.

    Nas palavras de um dos empresários, o aperto da política monetária fez Campos Neto “perder apoio do establishment” e ficar isolado hoje em suas posições, mesmo com argumentos técnicos para defender a taxa de juros no patamar atual.

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