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    William Waack

    Waack: Em duas reuniões, o choque de dois mundos

    É bastante óbvio que as reuniões de hoje em Washington e Kazan pertencem a mundos muito diversos, e a separação não é simplesmente geográfica

    William Waack

    Todo ano, nesta época, os poderosos da economia e finanças do mundo inteiro participam do encontro do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. Este ano, a reunião está acontecendo em Washington.

    Há oitenta anos isso se repete, desde que o FMI e o Banco Mundial foram criados, principalmente pelos Estados Unidos, no final da Segunda Guerra Mundial.

    Mas, se depender do que acontece neste exato momento do outro lado do mundo — na cidade de Kazan, no sul da Rússia — essas reuniões do FMI e do Banco Mundial podem perder muito da sua relevância.

    Em Kazan, os presidentes da Rússia e da China comandam uma cúpula dos países dos Brics, na qual uma das propostas centrais é criar um sistema financeiro internacional para escapar do FMI e do Banco Mundial — leia-se o dólar como principal moeda mundial. O Brasil apoia essa demanda.

    O FMI empresta dinheiro aos países impondo condições, mas, na prática, não existe credor bonzinho. Que o digam os países africanos que tomaram empréstimos da China e agora não conseguem pagá-los. A questão é muito mais geopolítica do que financeira.

    O dólar — ou o euro, ou a libra — são mais respeitados e desejados porque os agentes econômicos consideram que estão mais seguros em tribunais nos Estados Unidos ou na Europa do que na China ou na Rússia.

    Além disso, acreditam que sofrem menos intervenção de governos nesses países do que em Pequim ou Moscou. Sem falar da convertibilidade — você troca um yuan chinês por quê? E com uma taxa arbitrada por quem?

    É bastante óbvio que as reuniões de hoje em Washington e Kazan pertencem a mundos muito diversos, e a separação não é simplesmente geográfica. É institucional, histórica e cultural. São dois mundos em choque frontal. E economia não é o mais importante.

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