Vinícolas do RS driblam crise e aumentam vendas durante isolamento social
Receita do mercado nacional de vinhos aumentou 66% no primeiro semestre de 2020 em comparação com o mesmo período do ano passado
No inverno, as videiras secas significam que é o momento de dormência, de descanso para a plantação. O momento é de poda e preparo para que as folhas voltem a crescer em setembro e este período sem uvas é essencial para o bom desenvolvimento da fruta e da qualidade do vinho.
O vinho brasileiro é produzido em 11 estados e é fonte de renda para milhares de famílias, mas que alcança apenas 16% dos consumidores da bebida no país.
Com a pandemia do novo coronavírus, o mercado de vinhos nacionais aumentou a receita do setor em 66,4% no primeiro semestre de 2020, em comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo a Associaciação Brasileira de Sommeliers, se olharmos somente o tempo de isolamento as vendas aumentaram ainda mais: 84,6%. Mas para isso foi preciso se reinventar.
“A primeira coisa foi mexer em preço porque o poder aquisitivo das pessoas também ficou reduzido. E depois a ideia foi usar meios de comunicação que eu nunca usei”, contou Luiz Barichello, dono da vinícola Villa Bari.
Na vinícola Garibaldi, localizada na cidade de mesmo nome na Serra Gaúcha, o espumante, que sempre foi o carro-chefe, precisou pegar carona com o vinho. “Tentamos colocar nossos espumantes na carona desse crecimento do consumo do vinho nacional. Vemos um crescimento na casa dos 40% e até 60% em alguns meses”, disse o gerente de marketing da empresa, Maiquel Vignatti.
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Algumas vinícolas apostaram nas degustações virtuais, uma forma de levar até a casa dos clientes a tradição de provar diferentes sabores como se esivessem em um passeio de enoturismo. A Associaciação Brasileira de Sommeliers acredita que o momento, apesar de delicado, deve ser visto como oportunidade para valorizar o produto nacional.
“É ruim dizer que foi por causa da pandemia que a gente teve um crescimento nos vinhos, mas também foi uma forma de mostrar para o nosso consumidor que produzimos aqui produtos de alta qualidade, que são reconhecidos internacionalmente, e que conseguimos entregar e estar junto com o consumidor num momento como esse”, completou Vignatti.
(Edição: Leonardo Lellis)