Vendas no varejo recuam 0,1% em fevereiro, diz IBGE
Na comparação com fevereiro do ano passado, o indicador apresentou alta de 1% -- o sétimo resultado positivo em sequência
O volume de vendas do comércio varejista no país recuou 0,1% na passagem de janeiro para fevereiro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (25).
Na comparação com fevereiro do ano passado, o indicador apresentou alta de 1% — o sétimo resultado positivo em sequência. Nos últimos 12 meses, o avanço foi de 1,3%.
A expectativa do mercado, segundo pesquisa da Reuters, era de queda de 0,2% na comparação mensal e de alta de 0,9% ano a ano.
“Podemos fazer uma leitura dos resultados por consequência de um período de Black Friday e Natal ruins, que resultaram em uma recuperação em janeiro e uma sustentação desse patamar em fevereiro”, analisa Cristiano Santos, gerente da pesquisa.
“Além disso, um cenário de inflação estável em alguns setores importantes para a nossa pesquisa, como a alimentação em domicílio, que impacta a atividade de hiper e supermercados, também ajuda a entender os resultados observados em fevereiro.”
O recuo do varejo em fevereiro foi acompanhado por seis das oito atividades analisadas pela Pesquisa Mensal do Comércio (PMC). Segundo o IBGE, o destaque ficou com o grupo de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que teve baixa de 0,7% e representa mais de 40% do peso mensal da pesquisa.
Tecidos, vestuários e calçados (-6,3%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-10,4%) também se destacaram negativamente em fevereiro.
“Tecidos, vestuário e calçados e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação são duas atividades de alta volatilidade, que estão variando muito nos últimos meses”, explica Santos.
“Um fator que ajuda a explicar esse cenário é que janeiro foi um mês de muitas promoções, como estratégia de grandes empresas desses setores após novembro, com a Black Friday, e dezembro, com o Natal, terem sido meses de baixa. Promoções que não seguiram para fevereiro.”
Apenas artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (1,4%) e livros, jornais, revistas e papelaria (4,7%) tiveram resultados positivos no segundo mês do ano. De acordo com Santos, a alta no primeiro grupo se explica pelo aumento regular de medicamentos no mercado, o que refletiu no volume de vendas. Já em relação a livros, jornais, revistas e papelaria, o avanço pode ser justificado pela volta às aulas e o aumento da demanda por artigos relacionados a materiais pedagógicos.
“Vale ressaltar que, em uma perspectiva mais a longo prazo, essa atividade vem perdendo força por estar muito ligada ao livro físico, ao jornal físico, à parte física de papelaria”, diz.
A pesquisa destaca ainda que o resultado ficou 3% acima do nível de fevereiro de 2020, quando a pandemia começou a se instalar no país.
No varejo ampliado, que também inclui veículos, motos, partes e peças e de material de construção, o volume de vendas teve aumento de 1,7% na comparação mensal, após variação positiva de 0,2% em janeiro.
Avanço de 1% na comparação anual
O volume de vendas no comércio varejista avançou de um ano para outro, embora seis das oito atividades pesquisadas tenham arrefecido. Artigos de uso pessoal e doméstico lideraram as perdas, com 12,9%, seguido por livros, jornais, revistas e papelaria (9,5%), tecidos, vestuário e calçados (9,2%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (4,5%).
Na sequência, estão móveis e eletrodomésticos, com queda de 1,9%, e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, de 0,7%.
Os únicos setores que tiveram alta na comparação com fevereiro de 2022 foram Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,0%) e Combustíveis e lubrificantes (19,7%).
No varejo ampliado, as três atividades adicionais registraram queda: veículos e motos, partes e peças (1,5%), material de construção (5,9%), e atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo (9,5%).
Queda em 14 das 27 UFs
A pesquisa ainda aponta que a queda foi disseminada em 14 das 27 unidades federativas, com destaque para Paraíba (-11,5%), Espírito Santo (-5,2%) e Piauí (-1,9%). Entre as altas, Roraima (2,7%), Maranhão (2,0%) e Amapá (1,8%) lideraram.