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    Venda de vinhos finos nacionais dá salto histórico e cresce 56% na pandemia

    Em 2021, a safra de uva foi a maior em duas décadas, e grande parte ainda está nos tanques e barricas para maturação da bebida

    Bruna Ostermann, da CNN, no Rio Grande do Sul

     

    Em um período de dificuldades para grande parte da economia brasileira, o mercado de vinhos foi na direção oposta e deu um salto recorde. Com 24 milhões de litros comercializados, 2020 foi o melhor ano da história do vinho fino nacional, o que representa um crescimento de 56%, em comparação a 2019. Superar o ano passado seria um feito e tanto para grandes e pequenos produtores.

    Mas não é impossível. Em 2021, a safra de uva foi a maior em duas décadas, e grande parte ainda está nos tanques e barricas para maturação da bebida. Como em 2020 o pico de vendas foi em maio, junho e julho, há expectativa de que a comercialização aumente nos próximos meses.

    “Embora nós tivéssemos tido uma preocupação muito grande no início da pandemia, o ano foi excepcional. Tivemos um crescimento de 100% nos vinhos viníferas, se compararmos com o mesmo período em relação a 2019”, aponta Hermínio Ficagna, superintendente da cooperativa Vinícola Aurora, a maior produtora da bebida no Brasil com cerca de 1.100 vitivinicultores do Rio Grande do Sul — quem se dedica à fabricação e comercialização de vinho —, que foi responsável por 37,5% das vendas no ano passado.

    Até abril deste ano, os gaúchos foram responsáveis por 90% da produção de vinho nacional, apesar de janeiro ter registrado queda nas vendas por falta de insumos, como vidro e papelão, por causa da pandemia. Na vinícola da família do Daniel Pazzini, localizada em Pinto Bandeira (RS), por exemplo, a produção anual é de 120 mil litros.

    “A gente já tem um consumidor mais maduro. Quando eu falo em maduro, é que já tem o costume de consumo há anos. Então, esse consumidor já teve uma evolução e já está procurando produtos um pouco mais complexos e com teor de açúcar menor”, afirma ele, sobre o crescimento das vendas.

    O motivo da boa safra para os gaúchos é o tempo: chuva, sol e frio na hora certa. O mesmo não acontece na região da Borgonha, na França. A geada intensa registrada em abril prejudica o desenvolvimento dos parreirais. Em uma tentativa de evitar o congelamento das uvas, os agricultores usam tochas de fogo. Mesmo assim, há chance de grandes perdas na safra e, como consequência, na produção de vinho.

    Mercado nacional de vinhos conquista espaço na mesa do brasileiro
    Mercado nacional de vinhos conquista espaço na mesa do brasileiro
    Foto: CNN Brasil

    “Sempre que a gente tem uma quebra de safra, vai ter menos produto disponível no mercado. Isso faz com que os produtos disponíveis fiquem mais caros. No Brasil, a gente tem ainda um outro fator, que é o câmbio”, explica Andreia Milan, diretora da Associação Brasileira de Sommeliers-RS.

    Mesmo com a alta do dólar, as vendas de importados cresceram quase 29% no ano passado. Já a exportação de vinhos brasileiros ainda encontra dificuldades. “Como que a gente constrói espaço no mercado internacional? Hoje, a gente tem mais ou menos umas 10 vinícolas brasileiras, fazendo um trabalho num universo de 1600”, diz Milan.

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