União perde cadeira no Conselho de Administração da Petrobras para acionistas
Governo federal começou a votação com 7 do 11 nomes no colegiado e a partir desta quinta-feira terá apenas 6 representantes, o que aumenta o poder dos minoritários nas decisões da companhia
A União perdeu uma cadeira no Conselho de Administração da Petrobras. A composição antes do encontro de acionistas era de sete representantes do governo federal, três dos acionistas minoritários e um dos trabalhadores.
A partir desta quinta-feira (14), o governo federal passará a ter apenas seis representantes do grupo que toma decisões estratégicas sobre o futuro da maior estatal do país.
A perda é consequência de uma estratégia dos acionistas. As duas primeiras cadeiras, para as quais foram eleitos Marcelo Mesquita e Francisco Petros, tiveram votação em separado.
Para os outros postos foi aberto o voto múltiplo, quando os detentores de ações com direito a votos podem ‘descarregar as fichas’ em nomes específicos e, portanto, não são obrigados a dividir os votos por cadeira. O governo federal segurou as fichas para as últimas cadeiras e, portanto, acabou ficando com apenas seis vagas.
A assembleia ainda aprovou o nome de José Mauro Coelho para compor o Conselho de Administração da Petrobras e, consequentemente, cumprir o último requisito formal para se tornar presidente da estatal.
O químico e especialista em engenharia de materiais foi indicado depois de um revés duplo do governo federal: a desistência de Adriano Pires e a recusa de Decio Oddone, ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo (ANP).
Plano C, Coelho virou ‘solução caseira’, é homem de confiança do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Foi inclusive Secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis entre abril de 2020 e outubro de 2021.
A assembleia geral da estatal começou às 15h dessa quarta-feira (13). Em disputa, foram colocadas 10 das 11 cadeiras do Conselho de Administração. A representante dos trabalhadores, Rosangela Buzanelli, começou a tarde com a cadeira garantida.
O governo federal indicou 8 nomes, podendo ficar com 5 a 8 cadeiras. Os acionistas minoritários indicaram 7 nomes, podendo ocupar 2 a 5 cadeiras. A atual composição do conselho tem 7 indicados da União e 3 representantes dos outros acionistas.
O Conselho de Administração da Petrobras tem como objetivo aprovar regras de compliance, avaliar o desempenho de grupos técnicos, decidir os rumos sobre os riscos que a companhia assumirá, pedir auditorias internas sobre as atividades da Petrobras, analisar metas, plano de negócios e estratégias e revisar políticas da estatal.
Mais cedo, o governo tirou da pauta da Assembleia uma mudança que blindaria a Diretoria de Governança e Conformidade. A proposta sugerida previa que esse integrante da diretoria da estatal só poderia ser contratado ou demitido com 2/3 de votos no Conselho de Administração.
Atualmente, é necessário apenas ter mais de 50% dos votos. A ideia, rejeitada por hora pela União, poderia tirar poderes de comandar o responsável pela fiscalização interna da empresa. O cargo foi instituído pelo ex-presidente Pedro Parente, em meio à Operação Lava-jato. A informação foi adiantada pela analista da CNN, Thais Heredia.
A reunião dos acionistas ainda teve como objetivo a composição do Conselho Fiscal, a aprovação da destinação do lucro recorde de 2021 e a fixação da remuneração do presidente e diretores da companhia, assuntos recorrentes nas assembleias e que seguem o rito da empresa que tem capital aberto.
A reunião do Conselho de Administração que deverá eleger formalmente José Mauro Coelho para a presidência será realizada nesta quinta-feira (14). O encontro do novo conselho ainda não tem horário, assim como a posse do novo presidente, que está prevista para o período da tarde.
Para o Conselho de Administração foram indicados:
Indicados pelo governo:
1- José Mauro Ferreira Coelho (indicado para Presidente da Petrobras)
2- Márcio Andrade Weber (indicado para Presidente do Conselho)
3- Murilo Marroquim de Souza
4- Carlos Eduardo Lessa Brandão
5- Luiz Henrique Caroli
6- Eduardo Karrer
7- Ruy Flaks Schneider
8- Sonia Julia Sulzbeck Villalobos (representante do Ministério da Economia)
Indicados pelos acionistas minoritários:
1- José João Abdalla Filho (indicado por Banco Clássico)
2- Rodrigo de Mesquita Pereira (indicado por Banco Clássico)
3- Daniel Alves Ferreira (indicado por Banco Clássico)
4- Marcelo Gasparino da Silva (indicado por Banco Clássico)
5- Ana Marta Horta Veloso (indicada por Navi Capital Administradora e Gestora de Recursos Financeiros Ltda)
6- Francisco Petros (indicados por Magnus Barbagallo Gomes de Souza e Hassan Jorge Mourani Filho)
7- Marcelo Mesquita de Siqueira Filho (indicado por Navi Capital Administradora e Gestora de Recursos Financeiros Ltda., Távola Capital Gestão de Recursos Ltda, Kapitalo Investimentos LTDA e Kapitalo Ciclo Gestora de Recursos Financeiros LTDA)