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    Trump x Biden: a eleição não está decidida, como temiam os mercados

    Índices demonstram fortes volatilidades com eleição mais disputada do que previam especialistas e analistas

    André Jankavski, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Ao contrário do que apontavam as pesquisas, repetindo o que aconteceu em 2016, nada está decidido nas eleições americanas. A onda azul, em alusão a cor do partido democrata, não aconteceu e a disputa entre o presidente Donald Trump e Joe Biden ainda está longe do fim. E isso era exatamente o que os mercados temiam. Para completar, cresce a preocupação com a judicialização do pleito.

    O temor não é para menos. Por volta das 4h, Trump afirmou que ganhou a eleição e que não aceitaria nenhum resultado que não fosse esse. Foi o suficiente para os índices futuros do S&P 500, principal índice dos Estados Unidos, virarem de alta para baixa. Por volta das 7h30, o índice caía 0,5%.

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    Durante a madrugada, um índice que chegou a disparar foi o da Nasdaq, que teve ganhos de até 4%. Isso aconteceu porque os investidores enxergaram uma vitória cada vez mais certa de Trump, o que pode ser benéfica para as empresas de tecnologia.

    Afinal, uma das vontades de Biden é aumentar a taxação e o controle do setor, especialmente o das big techs, como Facebook e Google.

    Mas a virada momentânea no estado de Wisconsin, um dos locais chave desta eleição, diminuiu o ímpeto comprador e por volta das 7h, o índice já diminuía os ganhos em cerca de 2%.

    “O mercado estava esperando uma vitória do Biden com tranquilidade, mas a preocupação que fica é com o aumento da possibilidade de judicialização”, diz Fábio Akira, economista-chefe da BlueLine Asset Management.

    Todos estão de olho especialmente na Pensilvânia, em que Trump lidera com uma boa margem (55% a 43%), mas ainda falta a contabilização de muitos votos por correio, em que Biden deve ter uma vantagem mais robusta, o que poderia equilibrar a disputa.

    Além disso, diminui a chances de os democratas terem os poderes nas duas casas. Até a manhã desta quarta-feira (4), o partido democrata tinha conquistado 12 cadeiras, o que significa que eles tomaram apenas uma das posições do partido republicano até agora. Na Câmara, por sua vez, a força dos democratas tem se desenhado cada vez mais. Até o momento, se desenha cada vez mais uma força maior dos democratas.

    Essa divisão entre as casas era algo que o mercado não acreditava que iria acontecer, mas gostaria. E está se confirmando a cada voto que é contado.

    Mas, independentemente de quem ganhar a eleição, o cenário para a economia americana e, consequentemente global, não é dos mais simples. Com o aumento da pressão para uma melhor distribuição de renda (e, consequentemente, de maiores gastos públicos), a responsabilidade fiscal ficará mais de lado, ganhe quem ganhar.

    Fechar as contas e domar a inflação serão desafios tanto de um quanto de outro.

    “Independentemente de quem ganhar a eleição em 3 de novembro, o que prevalecerá é o zeitgeist”, diz a gestora Kairós em carta para os investidores.

    A palavra zeitgeist é um termo alemão que significa espírito do tempo ou até mesmo sinal dos tempos. É como se todo o conhecimento humano acumulado durante todo um tempo se mostra em um determinado momento. E o que parece algo novo, na verdade, é uma repetição do que aconteceu no passado ou uma consequência de atos anteriores. O desafio para o próximo presidente será gigante.

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