Trabalhadores de 150 lojas da Starbucks entram em greve por decoração do Orgulho LGBTQIA+
Segundo sindicato, cerca de 3.500 funcionários estarão em paralisação na próxima semana
Trabalhadores de cerca de 150 lojas sindicalizadas da Starbucks nos Estados Unidos estão em greve nesta sexta-feira (23) por causa de uma disputa sobre a política da cadeia de café para decorações do Orgulho LGBTQIA+ nas lojas.
O Starbucks Workers United, sindicato que representa as lojas organizadas, afirmou que o Starbucks restringiu as decorações comemorativas do mês do Orgulho em alguns locais, demonstrando um “tratamento hipócrita aos trabalhadores LGBTQIA+”. A companhia negou veementemente esta alegação.
Cerca de 3.500 funcionários “estarão em greve ao longo da próxima semana”, postou o Starbucks Workers United em um tweet.
Os líderes das lojas podem decorá-las como quiserem para o Mês do Orgulho e outros meses históricos, desde que essas decorações sigam as diretrizes de segurança, de acordo com a empresa.
A Starbucks disse que não tem conhecimento de nenhuma loja que tenha banido as decorações, acrescentando que muitos estabelecimentos as compartilharam nas redes sociais.
“Apoiamos inabalavelmente a comunidade LGBTQIA+. Não houve nenhuma mudança em nenhuma política sobre esse assunto e continuamos a encorajar nossos líderes de lojas a comemorar com suas comunidades, inclusive o Mês do Orgulho dos EUA em junho”, disse um porta-voz da companhia. “Estamos profundamente preocupados com as informações falsas que está se espalhando”.
No entanto, o sindicato respondeu no Twitter que as “próprias respostas da empresa não foram consistentes” com base em documentos internos e depoimentos de gerentes de loja.
“A Starbucks dá autonomia aos líderes locais para ‘encontrar maneiras de comemorar’. Esses líderes são os mesmos que emitem muitas das proibições do Orgulho”, disse apontando para um artigo que a decoração LGBTQIA+ foi banida de cerca de 100 locais em partes de Oklahoma, Arkansas e Missouri.
Esses locais estão em algumas das regiões mais conservadoras de um Estados Unidos profundamente dividido. Muitos locais da Starbucks em todo o país exibem decorações do Orgulho.
A Starbucks Workers United diz que este é um exemplo da rede de cafeterias cedendo à pressão, como a Target fez ao mover ou remover mercadorias LGBTQIA+ de algumas lojas. O Orgulho tornou-se um ponto crítico político este ano, com a direita atacando as empresas por celebrarem as comemorações inclusivas.
Mas, mesmo que alguns gerentes individuais tenham removido suas condecorações, a Starbucks corporativa não mudou nenhum merchandising ou outras políticas.
A empresa com sede em Seattle tem um histórico de políticas progressivas para funcionários que remonta a 1988, quando estendeu benefícios de saúde completos para parceiros do mesmo sexo.
Em 2013, adicionou cobertura de saúde para cirurgia de mudança de sexo e, dois anos depois, permitiu que os funcionários se expressassem com um nome ou apelido “consistente com sua identidade ou expressão de gênero”, segundo a companhia.
Ainda assim, a Starbucks gerou uma reputação de reprimir a sindicalização. Foi recentemente acusada de exibir “má conduta flagrante e generalizada” em suas negociações com funcionários envolvidos em esforços para sindicalizar as lojas de Buffalo, Nova York, disse um juiz do Conselho Nacional de Relações Trabalhistas em março.
O CEO anterior da Starbucks, Howard Schultz, era um opositor declarado dos sindicatos.
“Não acho que um sindicato tenha lugar na Starbucks”, falou Schultz a Poppy Harlow, da CNN. Se os trabalhadores “apresentarem uma petição para serem sindicalizados, eles têm o direito de fazê-lo. Mas nós, como empresa, também temos o direito de dizer que temos uma visão diferente que é melhor”.