S&P Global: países devem ficar inadimplentes em maior frequência na próxima década
Inadimplências desde 2020 equivalem a mais de um terço das 45 inadimplências após 2000
Os países devem deixar de pagar suas dívidas em moeda estrangeira com mais frequência na próxima década do que no passado devido a uma dívida mais alta e a um aumento nos custos dos empréstimos, alertou a agência S&P Global Ratings em um relatório divulgado nesta segunda-feira.
As constatações do relatório são um alerta severo no momento em que o mundo sai de uma rodada punitiva de inadimplência da dívida soberana – mesmo quando países credores disseram neste ano que o risco de crise da dívida que pesou sobre o mundo estava começando a diminuir.
“Esses fatores criam rapidamente desafios de liquidez à medida que o acesso ao financiamento se esgota e a fuga de capital acelera”, disse o relatório. “Em muitos casos, isso constitui o ponto de inflexão em que as restrições de liquidez e solvência se tornam problemáticas para um governo.”
A pandemia de Covid-19 em 2020 pressionou as finanças estatais, e houve sete casos de países que não pagaram suas dívidas em moeda estrangeira – Belize, Zâmbia, Equador, Argentina, Líbano e Suriname duas vezes.
Um aumento nos preços de alimentos e combustíveis após a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022 elevou a pressão, e mais oito países ficaram inadimplentes em 2022 e 2023, incluindo a Ucrânia e a Rússia.
O número combinado de inadimplências desde 2020 equivale a mais de um terço das 45 inadimplências em moeda estrangeira desde 2000.
A S&P Global Ratings analisou as inadimplências nas últimas duas décadas e descobriu que os países em desenvolvimento estão agora dependendo mais de empréstimos governamentais para garantir a entrada de capital estrangeiro.
No entanto, quando essa dependência é combinada com políticas imprevisíveis, falta de independência do banco central e mercados de capital locais pouco profundos, geralmente surgem problemas de pagamento.
O aumento da dívida pública e os desequilíbrios fiscais provocaram a fuga de capital, o que, por sua vez, intensificou as pressões sobre o balanço de pagamentos, esgotou as reservas cambiais e, por fim, reduziu a capacidade de empréstimo – essencialmente uma espiral de destruição que levou à inadimplência.