Sistema elétrico interligado eleva eficiência, mas é suscetível a falhas, diz especialista à CNN
Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, explicou que uma malha de distribuição única também propaga falhas mais rapidamente
O sistema interligado de transmissão e distribuição de energia elétrica brasileiro é bastante eficiente, mas a maneira como ele foi construído possui a desvantagem de propagar rapidamente eventuais falhas operacionais. A afirmação é do presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, nesta quarta-feira (16) à CNN.
A malha elétrica no Brasil é centralizada e administrada pelo Operador Nacional de Sistema Elétrico (ONS), uma opção histórica cuja principal vantagem é otimizar a operação, já que toda a energia produzida no país é agrupada e distribuída pelas diferentes regiões independente do local de produção.
“Podemos injetar energia nessa malha de qualquer lugar do país e ela será enviada para outras regiões”, explica.
A desvantagem é que eventuais falhas neste sistema se propagam rapidamente, justamente por causa da sua interligação.
Foi a opção pelo modelo interligado que gerou questionamentos nesta semana, depois que uma falha na rede de operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) causou um apagão atingiu todas as regiões do país na terça-feira (15).
Na avaliação de Sales, porém, apesar da falha, o sistema elétrico brasileiro é eficaz. “Do ponto de vista técnico, temos um sistema de segurança bem razoável e adequado, e que tem sido muito eficiente conforme o modelo escolhido”, avalia.
Sales ainda ressalta que o sistema de proteção da malha funcionou adequadamente após a ocorrência que deixou várias regiões do país no escuro.
Ponto crítico
Fontes do setor elétrico apontam que a falha que provocou o apagão de ontem no deve ter ocorrido por excesso de energia eólica e solar no sistema. Já segundo fontes de dentro da Eletrobras, a linha de transmissão que teve uma sobrecarga no Ceará pertence à companhia.
Este é o ponto crítico, na opinião de Sales. O especialista reconhece que o atual modelo elétrico pode não estar preparado para receber e absorver sem quedas o aumento de carga repentino proveniente de novas fontes de produção na matriz energética, como a solar e a eólica, que oscilam ao longo do dia por dependerem de fatores ambientais.
“Hoje temos fontes renováveis, especialmente no Nordeste, que têm uma dificuldade operacional gigantesca, porque o vento pode mudar de uma hora para a outra”, explica, o que pode gerar sobrecargas.
*Produzido por Bárbara Brambila