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    Setores que não pararam na quarentena criam alternativas de transporte

    Montadora empresta 75 veículos a profissionais da saúde da Santa Casa de São Paulo

    Karla Chaves e Diego Viñas, da CNN, em São Paulo

    O “fique em casa” tão repetido durante a pandemia, para alguns, não é opção. Imagine estar nesta situação, morar a mais de 20 quilômetros do trabalho e depender de transporte público.

    A empresa Mandaê, por exemplo, teve aumento de demanda durante a pandemia. Ela conecta lojas online com os transportadores, que fazem a entrega de todos os pedidos feitos pela internet. Foi preciso até contratar novos funcionários. O setor foi um dos poucos que cresceram neste período. Segundo dados da Associação Brasileira do Comércio Eletrônico, os pedidos online aumentaram 38% e ao menos 100 mil lojas aderiram ao e-commerce para continuarem seus negócios.

    Mas, antes mesmo do isolamento social começar, a empresa resolveu disponibilizar vans para buscar os 27 funcionários, que seguem trabalhando presencialmente, na porta de casa.

    “Nós sabemos que o risco de contaminação por coronavirus aumenta dentro do transporte público. Desde o início, quisemos garantir a segurança dos nossos funcionários e mostrar que nos preocupamos com o bem estar de cada um deles”, disse Ana Mantovani, diretora de produto e operações da Mandaê.
    Três vans, fazem cinco rotas , em dois turnos. Brenda Alves, operadora de logística é uma das beneficiadas pela nova medida. Ela mora em Caieiras, município da região metropolitana de São Paulo.

    Usando ônibus, levava, em média, uma hora e meia para chegar ao trabalho, que fica em Jaguaré, zona oeste de São Paulo, agora, ela chega em 40 minutos.

    “Eu me sinto mais segura e aliviada, até porque com meu pai que é hipertenso e faz parte do grupo de risco. De van, além de ter menos chance de contrair o coronavirus, é menos cansativo me deslocar”, comemora.

    Profissionais da saúde

    Para muitos lugares que precisam continuar funcionando durante a pandemia, é impossível transportar todos os funcionários. É o caso da Santa Casa de Misericórdia, em São Paulo. Somente no hospital central, mais de 5 mil pessoas trabalham diariamente. O lugar disponibilizou mais de 150 leitos, entre enfermaria e UTI para pacientes com a Covid-19, em estado mais grave.

    O que o provedor do hospital filantrópico, Antonio Penteado, não imaginava, é que resolveria o problema, de alguns funcionários, por meio de uma parceria com uma montadora de veículos.

    “Eles nos procuraram oferecendo 75 carros para nossos funcionários se deslocarem mais rápido e com mais segurança. São carros que eles normalmente emprestam pra clientes, mas que agora, por causa da pandemia, estavam parados”, explica o provedor.

    A Santa Casa criou um comitê e regras para definir os beneficiados. Dentre elas: morar a mais de quinze quilômetros do hospital e estar na linha de frente do combate ao novo coronavirus. Segundo Antonio Penteado, além de chegar mais rápido, ter um carro pra se deslocar, ajuda no problema da falta de segurança.

    “Nossos profissionais de saúde estão sendo agredidos fisicamente dentro dos transportes coletivos, porque as pessoas acham que eles estão contaminados. É um total absurdo, mas infelizmente acontece”, revelou.

    Lilian Ransato é diretora de enfermagem da unidade e já está com o carro, emprestado pela montadora, há quase um mês. Ela tem um carro próprio, mas emprestou para os pais usarem durante a pandemia. A casa dela é em Jundiaí, município que fica a 55 quilômetros de distância da capital paulista e, antes da parceria, levava mais de três horas para chegar ao hospital.

    “Eu precisava pegar Uber, trem, metrô e caminhar 10 minutos para chegar. Com o carro, agora chego em menos de uma hora e meu trabalho rende muito mais” conta a diretora de enfermagem.

    O diretor de operações da Volvo Car Brasil, João Oliveira, conta que a iniciativa da montadora já foi além das fronteiras de São Paulo. “No começo da quarentena, principalmente aqui no estado de São Paulo, a Volvo também paralisou todas as suas operações. Essa frota de carros também ficou parada. A gente entendeu que era uma oportunidade muito boa de poder ajudar, principalmente porque em uma crise desse tipo, mobilidade é algo fundamental, tanto pra transportar os voluntários, os médicos, como também cargas e materiais”, explica João.

    No total, 224 carros foram emprestados para instituições em todo o país. Além de profissionais de saúde, instituições que cuidam da saúde de pessoas que estão em extrema vulnerabilidade social e também cadeias econômicas fragilizadas pela paralisação das atividades também foram beneficiadas. Os contratos de empréstimos vão ser renovados mês a mês, até a fase mais crítica da pandemia passar.

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