Setor de construção defende investimento massivo para sanar atrasos em infraestrutura e aquecer economia
Brasil investe cerca de 1,96% de seu PIB em infraestrutura e - de acordo com diretrizes do Banco Mundial - deveria estar na casa dos 3,7%
Entre transporte, saneamento, energia e comunicações, o Brasil precisaria investir R$ 197 bilhões por ano para sanar seu déficit em infraestrutura. Este cálculo foi apresentado nesta quarta-feira (3) pela indústria de construção, que defende os aporte massivo e seu potencial para aquecer a economia.
Segundo a estimativa, entre recursos públicos e privados, o país investe cerca de 1,96% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em infraestrutura e — de acordo com diretrizes do Banco Mundial — deveria estar na casa dos 3,7% do PIB. Confira os hiatos por setor:
- Transporte: Brasil investe 0,38% e precisaria alcançar 1,96%
- Água e Saneamento: Brasil investe 0,25% e precisaria alcançar 1,44%
- Energia: Brasil investe 0,86% e precisaria alcançar 0,89%
- Comunicação: Brasil investe 0,47% e precisaria alcançar 0,41%
Em entrevista á CNN após a apresentação do estudo, Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), admitiu que é desafiadora a tarefa de atingir estes níveis de investimento, mas destacou que o momento atual da economia é propício ao avanço dessa agenda.
“Há o Novo PAC, uma reforma tributária estrutural, que nos abre caminho para um formato de tributação mais moderno, o Nova Indústria Brasil. Com tudo isso, somado a uma empregabilidade alta, vamos passar a ser uma Indústria de construção 4.0, e isso vai ajudar o país a chegar onde ele precisa”, disse.
Economista da Cbic, Ieda Vasconcelos afirmou que a estimativa do Banco Mundial é conservadora. Foi apresentada também a diretriz da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib), que pede investimento equivalente a 4,31% do PIB.
Investimento aquece economia
No cenário em que a diretriz do Banco Mundial é atendida, segundo a projeção, haveria salto de 2,1% no PIB do país. A geração de empregos chegaria a 2,5 milhões de postos de trabalho por ano.
Caso alcançada a diretriz da Abdib, o efeito total sobre o PIB seria de 2,7%. A geração de empregos iria a 3,4 milhões.
“Além de resolver um sério problema social, muito colabora para fortalecer a economia nacional”
Ieda Vasconcelos, economista da Cbic
A Cbic indicou ainda durante a apresentação que no período de 2010 a 2018 a taxa de investimentos da economia mundial manteve-se praticamente estável, enquanto, no Brasil, ela se deteriorou fortemente. O país perdeu 5,4 pontos percentuais neste índice.