Sem financiamento ao comércio, Brasil vai perder mercado na Argentina, dizem auxiliares de Fernández
De acordo com fontes da comitiva argentina, as reservas internacionais líquidas estão abaixo de US$ 5 bilhões e o país tem que frear licenças para a entrada de importações por falta de divisas
O governo da Argentina está levando ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a mensagem de que, sem uma nova linha de crédito para financiar o comércio bilateral sem uso de dólares, exportadores brasileiros vão perder mercado no país vizinho para empresas chinesas.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, veio a Brasília nesta terça-feira (2) e está reunido com Lula, no Palácio da Alvorada, junto com seus dois principais ministros: Sergio Massa (Economia) e Agustín Rossi (Casa Civil).
De acordo com fontes da comitiva argentina, as reservas internacionais líquidas estão abaixo de US$ 5 bilhões e o país tem que frear licenças para a entrada de importações por falta de divisas.
Recentemente, no entanto, um swap cambial com a China garantiu que produtos oriundos do gigante asiático podem ser pagos sem o uso de dólares. Um auxiliar próximo de Fernández disse à CNN, em caráter reservado, que as exportações brasileiras estão até 40% abaixo da demanda existente pela ausência de um financiamento nos mesmos moldes.
Esse espaço, segundo o assessor argentino, está sendo ocupado pelos chineses e a tendência é isso se acentuar. De acordo com essa autoridade, como o Banco Central da Argentina tem poucos dólares disponíveis, há atrasos na emissão de licenças para a importação de produtos brasileiros — e de outros países — por empresas argentinas que precisam, por exemplo, de insumos para sua produção.
A exceção são importações da China, que não exige pagamento na moeda americana.
“As pessoas acham que os chineses ampliam sua participação no mercado argentino porque vendem mais barato, mas não é isso. É simplesmente pela possibilidade de não usarmos dólares”, afirma o auxiliar de Fernández.
A proposta argentina é que o governo brasileiro pague, em reais, os exportadores de produtos brasileiros à Argentina e dê um prazo para um acerto entre os bancos centrais. Esse acerto ocorreria em moedas locais, ou seja, em pesos e em reais.