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    Sem dólar, Argentina poderia ter crise de liquidez e recessão com eventual dolarização, diz ex-Febraban

    Reserva de dólares e ajuste fiscal são vistos por economistas como essenciais para que o Plano tenha chance de ir à frente

    Danilo Moliternoda CNN em São Paulo

    O ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) Roberto Troster afirmou em entrevista à CNN que caso o presidente eleito da Argentina, Javier Milei, leve à frente sua proposta de dolarizar a economia do país sem garantir a reserva necessária de dólares, o país pode ir à recessão.

    “Não há condições técnicas para fazer isso agora. Mesmo que todos os argentinos quisessem, ele não conseguiria. Teria que trocar pesos por dólares. Pode ter alguma boa vontade do FMI, os mercados abriram otimistas hoje, mas não há valor suficiente. É um passo maior do que a perna”, disse.

    Segundo o economista, caso seja forçado um processo de dolarização sem as reservas necessárias, a Argentina pode viver uma crise de liquidez — ou seja, faltaria dinheiro na economia.

    “Não teria dinheiro, pararia a economia. Seria algo parecido com o que aconteceu aqui [no Brasil] em 1990 com o Plano Collor. Sem dinheiro, o PIB caiu 4%”, disse.

    Também em entrevista à CNN, o ex-diretor do Banco Central brasileiro Luiz Fernando Figueiredo indica que não é possível para a Argentina realizar o processo de dolarização nas condições atuais. Ele reitera a possibilidade de crise de liquidez.

    “Não tem como fazer. Precisa ter a quantidade necessária de dólares, se não você enxuga demais a base monetária”, disse.

    Roberto Troster lista um total de dez barreiras que Milei terá de superar para colocar seu plano em ação, que vão desde o combate ao déficit fiscal à inserção externa da economia argentina.

    O fiscal é essencial também para o plano de dolarização, indicam os economistas. Isso porque, sem a possibilidade de emitir moeda, o governo argentino precisaria gerar superávit primário para se manter saudável.

    Em seu plano de governo, Milei indica que para o reordenamento do Estado planeja reduzir em 15% do Produto Interno Bruto (PIB) os gastos do governo. Os economistas indicam que a medida não deve encontrar popularidade e pode ser politicamente inviável.

    Em paralelo com o corte de gastos (por meio da privatização de estatais, por exemplo), Milei planeja reduzir impostos e realizar a abertura comercial do país. Por fim, o presidente eleito quer “eliminar o Banco Central”.

    Figueiredo não crê que será possível levar este último tópico à frente. Ele destaca que, para além da emissão de moeda, o Banco Central têm funções indispensáveis, como o ordenamento do sistema financeiro como um todo.

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