Secretário de Política Econômica prevê corte da Selic em 2023 e diz que “quanto antes, melhor”
Centro da meta oficial para a inflação em 2023 é de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos
O Secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, disse nesta sexta-feira (17) que espera um afrouxamento da política monetária “certamente este ano”, e que, quanto antes ele vier, melhor para a atividade do país.
“É evidente que todos nós esperamos a melhoria das condições da restrição monetária o quanto antes. Certamente este ano, mas o quanto antes, melhor”, disse Mello em entrevista à imprensa para comentar a atualização das projeções do Ministério da Fazenda para o PIB e a inflação.
A Secretaria de Política Econômica passou a prever um crescimento econômico de 1,61% em 2023, contra previsão de 2,10% feita em novembro pela gestão anterior da pasta, no governo Jair Bolsonaro. Já para a inflação medida pelo IPCA, a previsão da equipe econômica subiu a 5,31% em 2023, contra 4,60% da projeção feita em novembro.
O centro da meta oficial para a inflação em 2023 é de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Mesmo com a expectativa de que a meta oficial de inflação seja desrespeitada a ritmo mais intenso do que o esperado anteriormente neste ano, Mello afirmou que é possível haver uma redução da taxa Selic, atualmente em 13,75%, até o final de 2023.
“Não há nenhuma incompatibilidade entre… reduzir juros com a inflação acima da meta, não há. Porque a inflação está acima da meta hoje, e a política monetária não atua hoje, ela atua com defasagem”, argumentou o secretário.
Segundo Mello, a projeção menor de crescimento não afeta, tampouco, o objetivo do governo de reduzir o déficit primário do governo central de 2023 para perto de 1% do PIB, ante uma estimativa no início do ano de um rombo de 2,16% do PIB.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem atacado repetidamente o patamar dos juros básicos brasileiros, argumentando que uma Selic alta demais prejudicará o crescimento econômico e ameaçará o mercado de crédito.
De fato, Mello disse nesta sexta-feira que o cenário de aperto monetário nos Estados Unidos e no Brasil tem impacto sobre os mercados financeiro e de crédito domésticos, e chegou a atribuir a crise da Americanas ao rápido ciclo de aperto monetário do BC.
O secretário disse que o governo tem dado grande atenção ao mercado de crédito e quer reintegrar as famílias de baixa renda ao setor. Segundo ele, isso será viabilizado pelo programa de renegociação de dívidas Desenrola, que ainda não foi lançado pelo governo.