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    Risco de recessão nos EUA chega a 35%, diz Goldman Sachs

    Estados Unidos estão mais isolados do aumento dos preços do petróleo e do gás — mas não estão imunes

    Julia Horowitzdo CNN Business

    A dependência da Europa da energia da Rússia aumentou as chances de que a região possa entrar em recessão este ano, já que a inflação crescente leva as pessoas a cortar gastos.

    Os Estados Unidos estão mais isolados do aumento dos preços do petróleo e do gás — mas não estão imunes.

    O Goldman Sachs rebaixou sua previsão para o crescimento econômico dos EUA em 2022. Agora, ele vê pouco ou nenhum crescimento durante os primeiros três meses do ano.

    Os economistas do Goldman, liderados por Jan Hatzius, disseram que a chance de uma recessão nos Estados Unidos no próximo ano chegou a 35%.

    “O aumento dos preços das commodities provavelmente resultará em um empecilho nos gastos do consumidor, já que as famílias — e as famílias de baixa renda em particular — são forçadas a gastar uma parcela maior da renda em alimentos e gás”, disseram eles a clientes na quinta-feira.

    Dados em tempo real sobre a confiança do consumidor da Morning Consult e da Ipsos “mostram um claro declínio na confiança do consumidor desde que a Rússia invadiu” a Ucrânia, observaram.

    Não será a única fonte de estresse. As condições financeiras também ficaram mais apertadas, o que pode dificultar o acesso das empresas ao dinheiro.

    Os problemas da Europa também prejudicarão as empresas americanas com cadeias de suprimentos e operações globais.

    Sanções severas a Moscou após a invasão da Ucrânia estão atingindo a economia da Rússia. O Instituto de Finanças Internacionais prevê que encolherá 15% este ano — uma recessão duas vezes mais grave do que a que se seguiu à crise financeira global.

    Mas como a Rússia é um grande exportador de petróleo e gás, bem como de produtos agrícolas importantes e metais industriais, os efeitos de seu colapso econômico e isolamento serão sentidos globalmente.

    A Europa, sendo altamente dependente da Rússia para energia, está mais exposta, mas o aumento nos preços da energia e dos alimentos também será sentido do outro lado do Atlântico.

    Uma recessão nos EUA não é certa. O Wells Fargo disse na quinta-feira (10) que espera uma recessão na Europa, mas não nos Estados Unidos.

    Em entrevista à CNBC na quinta-feira, a secretária do Tesouro Janet Yellen enfatizou que o mercado de trabalho continua muito forte e as famílias americanas estão em “boa forma financeira”.

    “A inflação é um problema, e é um problema que precisamos resolver, mas não espero uma recessão nos Estados Unidos”, disse Yellen.

    [cnn_galeria active=”698077″ id_galeria=”697682″ title_galeria=”Veja imagens da invasão da Ucrânia pela Rússia”/]

    Mas os analistas do Goldman Sachs não estão sozinhos ao observar que os riscos estão aumentando.

    “Existe a crescente ameaça de que o aumento da inflação irá sobrecarregar a forte recuperação econômica do país, resultando em uma recessão”, escreveu Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s Analytics, em uma coluna recente para a CNN Business.

    Isso aumenta a pressão sobre o Federal Reserve enquanto calcula seu próximo movimento. O banco central pretende começar a aumentar as taxas de juros este mês, enquanto tenta controlar a inflação.

    No entanto, se retirar o apoio à economia de forma muito agressiva, poderá tornar mais provável uma recessão.

    O Banco Central Europeu disse na quinta-feira que vai apertar as torneiras de dinheiro mais cedo do que o esperado, apesar da guerra na Ucrânia. O tom hawkish surpreendeu os investidores.

    “Os EUA provavelmente superarão a Europa, que provavelmente entrará em recessão, devido à maior resiliência e agilidade interna da economia americana, embora o fracasso do Federal Reserve dos EUA em responder à inflação de maneira oportuna no ano passado — um erro histórico de política — vai minar a flexibilidade política”, escreveu o economista Mohamed El-Erian em uma coluna publicada esta semana.

    Percepção do investidor: A alta inflação e o crescimento econômico mais lento, juntamente com a incerteza sobre o quanto os bancos centrais podem realmente fazer para intervir, não inspirarão confiança nos investidores enquanto a guerra continua.

    O Wells Fargo reduziu sua meta de final de ano de 2022 para o S&P 500. Ele ainda acredita que o índice pode subir acentuadamente em relação aos níveis atuais.

    O banco reconheceu, no entanto, que as condições econômicas ligadas à guerra provavelmente afetarão os lucros das empresas, o que pesará sobre as ações.

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