Rio recebe nesta quarta o 1º leilão de crédito de carbono de micromobilidade no mundo
Prefeitura quer fortalecer mercado voluntário na cidade enquanto Câmara discute regulação do setor
O primeiro leilão de crédito de carbono do mundo voltado para micromobilidade acontece nesta quarta-feira (27), na cidade do Rio de Janeiro. A partir das 12h, empresas vão poder disputar 1,5 mil “ações”, com lance inicial de US$ 7 cada.
“Micromobilidade”, porque os créditos são de uma empresa de bicicletas compartilhadas que opera em dez cidades do Brasil e nas capitais da Argentina e do Chile.
No ano passado, a companhia economizou 7 mil toneladas de gás carbônico por meio da oferta do serviço aos usuários, que deixam de usar veículos com combustíveis fósseis.
A ideia começou a ser desenvolvida no ano passado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio do projeto Bolsa Verde, uma tentativa de fazer a capital fluminense um hub de negócios sustentáveis.
Além disso, auxiliará na meta da cidade de reduzir a emissão de gases do efeito estufa em 20% até 2020.
Nesta quarta-feira, acontece a primeira transação do mercado voluntário de créditos de carbono no Rio de Janeiro, já que o setor ainda não tem regulamentação formal.
Um projeto de lei que trata do assunto corre na Câmara e deve ser votado nos próximos meses.
O subsecretário de Desenvolvimento Econômico de Inovação no Rio, Marcel Balassiano, aponta que a ideia é ganhar pioneirismo.
“O nosso objetivo é, quando o mercado do Brasil já estiver regulamentado, poder sair na frente”, declarou à CNN.
O que é um leilão de créditos de carbono?
O mercado voluntário funciona como uma espécie de bolsa de valores para comercialização de créditos de carbono, que funcionam como uma moeda ou ação. A cada quantidade de CO2 economizada, um crédito é gerado. Assim, empresas que desejam compensar emissões podem adquiri-lo, por exemplo.
Segundo Marcel Balassiano, esse ecossistema corporativo é formado por consultorias que fazem um inventário de quanto as empresas emitem e podem economizar, outras que geram créditos, como a Tembici, as compradoras dos créditos, além das certificadoras e das plataformas responsáveis pelas negociações.
O negócio no Rio começou a se desenvolver com a vinda da AirCarbon Exchange (ACX), plataforma que fará o leilão nesta quarta-feira. Ela é subsidiária de uma das maiores bolsas de comercialização de créditos de carbono do mundo e tem sede em Cingapura.
O CFO da Tembici, empresa que oferta os créditos, Leandro Fariello, avalia que a entrada no mercado voluntário de carbono trará protagonismo e também uma nova fonte de receitas.
Hoje, a companhia lucra por meio do aluguel de bicicletas, da venda de publicidade em painéis e de patrocínio. Agora, terá também a venda de créditos de carbono.
Fariello aposta nos diferenciais da empresa para atrair compradores. Segundo o executivo, um deles é a geração do crédito por ciclistas do próprio Rio de Janeiro e dentro de um grande centro urbano.
“Também tem o impacto ambiental, que é inerente, no momento que se substitui um veículo com motor a combustão pela bicicleta. E também pela saúde pública, reduzindo o número de veículos, a gente tem como reduzir acidentes. E aquela pessoa sedentária passa a utilizar o sistema para ir ao trabalho, voltar à noite ou ir para a escola. Além do impacto social. A gente viveu a pandemia. Todos nós acompanhamos o quanto os entregadores se utilizaram da nossa bicicleta”, colocou.
Para o poder público, a expectativa é que as operações se desenvolvam e atraiam novos players. Uma das estratégias é um projeto de lei, que está na Câmara Municipal do Rio, batizado ISS Neutro, que pretende baixar a alíquota do imposto de 5% para 2% para as empresas do setor.
“O Rio conta com uma história de sustentabilidade muito grande. Tem a Floresta da Tijuca, foi sede da Rio92, tivemos agora a Rio+30, tem uma relação muito forte com esse tema”, defendeu o subsecretário de Desenvolvimento Econômico de Inovação no Rio, Marcel Balassiano.