Rio de Janeiro é o estado que mais emite gases de efeito estufa por termelétricas do país
Levantamento foi feito pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) e mostra ainda que o RJ foi responsável por 25% de toda a energia produzida por essas usinas
Segundo informações do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), o estado do Rio de Janeiro é o que mais emite gases de efeito estufa através de termelétricas do Brasil. Sua emissão corresponde a 18,9% do total nacional, o que equivale a 6.172 mil toneladas de CO2.
Em segundo lugar aparece o estado de Santa Catarina (12,9%). Depois, Maranhão (12%), Rio Grande do Sul (11,9%) e Amapá (10,8%. O levantamento foi feito com base nas emissões em 2020.
O levantamento destacou também que, sozinho, o estado do Rio de Janeiro produziu 25% de toda a energia proveniente de usinas do Sistema Interligado Nacional (SIN), que abastece boa parte do país.
“Chama atenção a grande concentração de termogeração elétrica em poucas unidades da federação: 81% da eletricidade aqui inventariada foi produzida em apenas oito estados, sendo que três deles (Rio de Janeiro, Amazonas e Maranhão) responderam por 52% do total de energia elétrica fóssil produzida no país”, aponta a pesquisa.
Ao todo, as 72 termelétricas a combustíveis fósseis de serviço público que operam no Sistema Interligado Nacional emitiram 32,7 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e).
Segundo o estudo, “essas emissões se concentraram em um número relativamente pequeno de termelétricas: 49% dos gases de efeito estufa emitidos em 2020 foram de responsabilidade de somente dez usinas – seis delas têm o carvão mineral como combustível principal e outras quatro utilizam o gás natural”.
O dióxido de carbono equivalente, segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), “é o resultado da multiplicação das toneladas emitidas de gases de efeito estufa pelo seu potencial de aquecimento global. Por exemplo, o potencial de aquecimento global do gás metano é 21 vezes maior do que o potencial do gás carbônico (CO2). Então, dizemos que o CO2 equivalente do metano é igual a 21.”
Para Diogo Lisbona, especialista em energia elétrica e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), uma questão das emissões é qual a eficiência da térmica e se ela é de ciclo aberto, que não aproveita o vapor e acaba desperdiçando uma energia que poderia utilizar para geração, ou ciclo fechado (ou combinado), mais eficiente e menos poluente do que as de ciclo aberto.
“Se ela consome mais, ela emite mais poluentes. As térmicas mais antigas tendem a ser mais poluentes. Há térmicas que já estão alcançando sua vida útil”, aponta, complementando com um alerta. “O Rio de Janeiro deveria prestar atenção em relação a isso. O estado deve ser um forte interessado para que novos contratos exijam menores índices de emissão”, defende.
Professor de planejamento energético da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Diego Malagueta explica que as termelétricas podem ter configurações e finalidades muito diferentes. “Quanto mais complexa, mais robusta ela for, mais eficiente ela vai ser, mais barata será a eletricidade que ela vai gerar”, explica.
O Iema também apontou que a geração das 72 termelétricas a combustíveis fósseis inventariadas em 2020 foi de 54,1 Terawatt-hora (TWh). Desse montante, 76% foram produzidos a partir do gás natural, 20% a partir do carvão mineral e 4% provenientes dos derivados de petróleo, óleo combustível e óleo diesel.
Foram 36 plantas movidas a gás natural como combustível principal, 17 a óleo combustível, 11 a óleo diesel e oito a carvão mineral.
Para Diogo Lisbona, os dados mostram que o Brasil ainda precisa avançar em relação à capacidade instalada das fontes energéticas e dispor de mais opções de fontes menos poluentes.
“Esses números refletem a capacidade instalada desta fonte, bastante usada em anos de crise. Deveríamos tentar caminhar a direção de descarbonização. Fazer com que os combustíveis fósseis não ganhem espaço na matriz. Isso sem contar que as fontes renováveis são mais competitivas. Não faz muito sentido contratar energias mais caras e poluentes”, argumentou.