Remessa dispara e brasileiro no exterior já manda US$ 358 mil por hora à família
Dinheiro enviado de países como Estados Unidos, Reino Unido e Japão bateu recorde histórico: US$ 3,098 bilhões nos 12 meses encerrados em abril
Brasileiros que tentam a vida no exterior nunca mandaram tanto dinheiro para as famílias que ficaram no Brasil. O fenômeno aumenta gradativamente desde 2015, quando o país entrou em recessão, mas a pandemia gerou um empurrão extra e as remessas enviadas de países como Estados Unidos, Reino Unido e Japão bateram recorde histórico: US$ 3,098 bilhões nos 12 meses encerrados em abril. Dados da Polícia Federal mostram que quase 1,5 milhão de brasileiros deixaram o Brasil desde a recessão de 2015.
Os números do Banco Central mostram que o Brasil parece ter voltado duas décadas no cenário da emigração. Desde março de 2019, a remessa de brasileiros que vivem no exterior sobe sistematicamente mês a mês e, pela primeira vez na história, superou o recorde histórico observado em meados da década de 1990. Naquela época, os problemas gerados pela hiperinflação e a falta de perspectiva no Brasil funcionavam como um trampolim para que centenas de milhares de brasileiros arriscassem tudo fora do Brasil, longe da família, em busca de um futuro melhor. Agora, a história parece se repetir.
Historicamente, os dados do BC mostram que essas transferências seguem fielmente uma lógica: remessas crescem com a piora da economia. É fácil entender essa correlação. Quando há crise no Brasil, as famílias podem precisar mais da ajuda financeira de fora. Além disso, a crise normalmente desvaloriza o real – ou seja, dólares recebidos acabam virando mais reais por aqui –, o que torna a operação mais vantajosa a quem quer fazer uma poupança para a volta ao Brasil.
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Os últimos anos confirmaram esse comportamento. Os valores transferidos para o Brasil começaram a aumentar em 2015, quando a política conturbada contaminou a economia e o Brasil afundou 3,5%. A persistência da recessão fez a tendência seguir em 2016. A troca do governo e a reação da economia diminuíram as cifras no ano seguinte, mas a falta de tração da atividade vista nos últimos dois anos foi seguida por um novo aumento dos volumes transferidos para o Brasil.
E, desde março de 2019, as transferências pessoais para o Brasil ganharam velocidade e aumentaram 21,2%. Atualmente, brasileiros que vivem no exterior enviam cerca de US$ 358 mil por hora às famílias no Brasil. Isso equivale a R$ 1,75 milhão por hora.
Se os números do BC mostram a entrada dos dólares, as estatísticas da Polícia Federal mostram a saída dos brasileiros. O Sistema de Tráfego Internacional da PF mostra que 1,368 milhão de brasileiros deixaram o País entre os anos de 2016 e 2019. Só nos últimos dois anos desse período, em 2018 e 2019, foram 735 mil pessoas que emigraram.
Entre os países em que os brasileiros mais remetem dinheiro para o Brasil, estão os Estados Unidos com US$ 1,46 bilhão no acumulado de 12 meses até abril. Ou seja, praticamente metade de todas as transferências do período. Em seguida, aparecem Reino Unido (US$ 444 milhões), Portugal (US$ 243 milhões), Espanha (US$ 109 milhões), Suíça (US$ 106 milhões) e Japão (US$ 103 milhões). Juntos, esses trabalhadores brasileiros já enviam anualmente o equivalente a cerca de R$ 15 bilhões às famílias. O valor corresponde à metade do orçamento do principal programa social do Brasil: o Bolsa Família.
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