Reforma tributária e correção do déficit primário estão sendo revistos, diz Haddad
Em evento em São Paulo, ministro da Fazenda falou ainda como o Banco Central e o Congresso estão agindo para a economia do país
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesse sábado (2) que sua equipe está revendo duas medidas fiscais: a reforma tributária e a correção do déficit primário.
Em apresentação no evento Expert XP, em São Paulo, Haddad detalhou que a reforma tributária tem que ser neutra para avançar no Congresso Nacional e afirmou que corrigirá o déficit primário, revendo o sistema tributário do país.
Segundo o ministro, o Congresso contribui com as pautas econômicas. “Com exceção da reforma tributária, tudo foi aprovado no primeiro semestre”, declarou.
De acordo com ele, o compromisso do governo federal tem que ser com o reequilíbrio das contas. “Estamos desde 2014 com déficit primário e temos que virar essa página.”
Ainda em seu discurso, Haddad falou sobre o novo marco fiscal e afirmou que um dos méritos da nova âncora é que ela tem uma “canaleta para correr”.
Sinalização ao BC
A taxa básica de juros também foi abordada pelo ministro da Fazenda. O Banco Central reduziu a Selic pela primeira vez em três anos no início de agosto, com corte de 0,50 ponto percentual, a 13,25%.
“Todo esforço fiscal que o governo fizer vai ser bom e pode sinalizar ao BC que é hora de cortar os juros não em meio porcento, mas em 0,75 ponto porcentual.”
Ele ressaltou que o objetivo do governo é apontar para resultados primários mais consistentes, apostando que a autoridade monetária vai se somar a esse esforço — se referindo à queda dos juros.
“Com taxa real de 10%, vamos crescer 3%. Não tem livro que explique o fenômeno que acontece na economia brasileira”, acrescentou.
Haddad disse que os juros poderiam ter sido cortados em duas reuniões anteriores, realizadas em maio e junho, mas acrescentou que seu ministério e o BC trabalham “sob um ponto de vista em comum” e que novas reduções já estão contratadas.
“Eu olho muito para atividade, arrecadação, FPM [Fundo de Participação dos Municípios], FPE [Fundo de Participação dos Estados]. Se eu não tiver fiscal, não adianta a inflação estar baixa. Ela vai voltar”, disse. “É preciso imaginar uma trajetória sustentável”.