Redução no preço da gasolina deve contribuir para deflação, diz especialista
Petrobras reduziu em 7% preço de venda do combustível para distribuidoras a partir desta sexta-feira; impacto estimado na inflação é de -0,24 p.p.
A redução anunciada pela Petrobras de 7,08% no preço da gasolina para as distribuidoras começa a valer nesta sexta-feira (2). O litro passará de R$ 3,53 para R$ 3,28, uma redução de R$ 0,25.
Com uma expectativa de inflação em torno de zero para setembro, a mudança deve atingir o medidor oficial em -0,24 ponto percentual e contribuir para um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) negativo neste mês. A avaliação é do economista André Braz, que coordena o Índice de Preços ao Consumidor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre).
“Aumentou a chance da gente ter uma inflação negativa no final deste mês pelo peso que a gasolina tem no orçamento familiar, que compromete em média 6,5%”, afirma Braz.
O economista acredita que o desconto no preço às distribuidoras deve causar uma diminuição de 4% na gasolina comum vendida nos postos. Com isso, considerando o preço médio no Brasil de R$ 5,25 por litro, segundo o último boletim da Agência Nacional de Petróleo (ANP), os consumidores podem economizar, em média, R$ 0,21 por litro para abastecer os veículos.
André Braz ressalta, no entanto, que a gasolina é considerada um “bem de luxo” e que a redução atende principalmente a classe média alta. Pela abrangência do IPCA, que engloba famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos (R$ 1.212,00 a R$ 48.480,00), o impacto ainda é sentido no indicador.
“A classe média baixa, que vem tendo a inflação como um grande desafio, não se beneficia da gasolina mais barata. Se essa queda fosse no diesel, o efeito seria discreto no IPCA, mas o impacto social e de longo prazo seria maior, já que impactaria na redução do frete e no reajuste da tarifa do transporte público”, explica.
Para o ano, a previsão de inflação também teve baixa, segundo o especialista da FGV. O número esperado era de 6,6%, mas com a queda da gasolina, o valor aguardado foi para 6,4%. O índice oficial acumula alta de 10,07% nos últimos 12 meses e uma deflação de 0,68% em julho, de acordo com o IBGE.
Para o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, a redução é coerente com a política de preços adotadas pela estatal brasileira, que acompanha a paridade internacional. Ele explica que, no mercado externo, a gasolina tem tido sucessivas reduções ao longo dos últimos dias e que ainda existe uma tendência de nova queda no preço do combustível.
Segundo o relatório da Abicom de abertura do mercado desta quinta-feira (1º), dia do anúncio da Petrobras, a gasolina estava defasada em 12% do valor praticado no mercado externo, com uma média de R$ 0,36.
A redução na gasolina é a quarta anunciada pela Petrobras em menos de dois meses.
(*Sob supervisão de Pauline Almeida)