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    Real tem pior desempenho do mundo em dia de anúncio frustrante do governo

    O mercado entendeu que o governo quer aumentar as despesas de forma permanente sem nenhuma compensação, ou pior, sem prever de onde virão as receitas

    Fernando Nakagawada CNN

    O mercado financeiro reagiu muito mal aos anúncios feitos pelo presidente Bolsonaro. Minutos depois do anúncio o dólar começou a subir com força e a bolsa, ao contrário, passou a cair. Primeiro, porque os investidores esperavam detalhes da reforma tributária que, por enquanto, não conseguiu avançar. Segundo, porque o governo anunciou o novo programa social – como era esperado – mas sem fazer nenhum tipo de corte de gasto para compensar.

    No episódio de hoje:

    – A semana começou com grande expectativa de que a agenda econômica ia, finalmente, deslanchar;
    – Durante o fim de semana, o governo se debruçou sobre a proposta de reforma tributária e também do novo programa social do governo Jair Bolsonaro, o Renda Cidadã;
    – Coube ao próprio presidente anunciar que o Bolsa Família e o auxílio emergencial serão substituídos em 2021 pelo novo programa;
    – Sem receitas novas, o jeito foi anunciar que o governo vai manobrar o dinheiro já existente;
    – Para bancar o novo programa, o governo quer usar parte dos precatórios e também vai destinar dinheiro novo que deveria ir para a educação básica através do Fundeb;
    – A reforma tributária não avançou porque não houve entendimento político;
    – Um dos temas mais polêmicos da proposta é a criação de um imposto sobre transações financeiras, uma espécie de renascimento da CPMF; 
    – Diretor da Instituição Fiscal Independente, Felipe Salto diz que limitar o pagamento dos precatórios é um eufemismo para dizer que o governo vai empurrar a dívida com a barriga;
    – Fica no limite do que poderia ser considerado calote, disse o economista;
    – Sobre usar 5% do Fundeb, ele diz que a medida é preocupante porque pode representar uma maneira de desviar do cumprimento do teto de gastos;
    – Também houve igual reação negativa de especialistas em educação básica, já que o setor vai perder 5% do recente reforço de orçamento;
    – O mercado financeiro reagiu muito mal ao anúncio feito pelo presidente Bolsonaro;
    – Minutos depois do anúncio o dólar começou a subir com força e a bolsa, ao contrário, passou a cair;
    – Primeiro, porque os investidores esperavam detalhes da reforma tributária que, por enquanto, não conseguiu avançar;
    – Segundo, porque o governo anunciou o novo programa social – como era esperado – mas sem fazer nenhum tipo de corte de gasto para compensar;
    – Ou seja, o governo quer aumentar as despesas de forma permanente, sem nenhuma compensação ou, o pior, sem prever de forma mais clara de onde virão as receitas;
    – Com isso, o dólar subiu chegou a subir 2% e o Banco Central voltou a intervir com a venda de quase US$ 900 milhões no mercado;
    – Mesmo assim, a moeda fechou a segunda-feira em alta de 1,46%, a R$ 5,63;
    – O real foi a moeda com o pior desempenho do mundo ontem entre as 35 principais divisas acompanhadas pela agência Reuters;
    – Já o Ibovespa caiu 2,41% e fechou o dia aos 94.666 pontos;
    – A bolsa brasileira ignorou as altas próximas de 2% vistas em Nova York e a valorização superior a 3% vista ontem na Europa;
    – O ministério do Meio Ambiente aprovou ontem a extinção de duas resoluções que delimitavam áreas de proteção permanente de manguezais e de restingas do litoral brasileiro;
    – A revogação dessas regras abre espaço para exploração e especulação imobiliária nas faixas de vegetação das praias e ocupação de áreas de mangues para produção de camarão;
    – Presidido pelo ministro Ricardo Salles, o Conama revogou também uma resolução que exigia licenciamento ambiental para projetos de irrigação;
    – No passado, o órgão tinha a maioria dos votos de estados, municípios e sociedade civil;
    – Com a redistribuição das cadeiras feita na gestão Bolsonaro, no entanto, o governo junto com o setor agropecuário passaram a ter a maioria dos votos;
    – A Cosan anunciou que vai cancelar planos de lançar ações de sua subsidiária Compass Gás e Energia;
    – Segundo a companhia, a deterioração das condições do mercado é o principal fator para a desistência;
    – A empresa havia solicitado aval da Comissão de Valores Mobiliários para a oferta de ações no fim de julho e os papéis estavam previstas para estrear no dia 30 de setembro; 
    – Havia a expectativa de que a empresa conseguisse levantar quase R$ 4,5 bi com a venda das ações;
    – Mas, com a piora das condições do mercado, o interesse dos investidores deve ter caído, o que resultaria em uma operação com valor menor que o desejado pela empresa; 
    – Inclusive, o mercado brasileiro registrou neste ano, com pandemia e tudo, a realização de 15 ofertas iniciais de ações;
    – Mas dessas 15 empresas, só seis ações acumlaram alta de preços até agora;
    – Ou seja, quem investiu nas outras nove ações estreantes perdeu dinheiro até aqui;
    – Entre as ações que se deram bem, a Locaweb de infraestrutura para internet subiu 231%. Do outro lado, as ações da construtora Moura Dubeux caíram 48% desde a estreia;
    – AGENDA: FGV anuncia às 8h da manhã a inflação medida pelo IGP-M de setembro;
    – Na Europa, saem dados sobre confiança em toda a zona do euro;
    – Nos Estados Unidos, vários diretores do Federal Reserve, discursam;
    – Na China, a partir de 22h no horário de Brasília, saem dados antecedentes sobre a atividade econômica no mês de setembro;
    – Também a partir das 10 da noite acontece o primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden na corrida eleitoral pelos EUA.

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