Queda do dólar já reduz defasagem do diesel no mercado internacional, diz Abicom
Diferença é de 41 centavos, segundo Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom)
A semana fechou, na última sexta-feira (25), com mais um dia de desvalorização do dólar. A taxa de câmbio de R$ 4,75 começa a mexer com o mercado de combustíveis.
Hoje, a moeda brasileira paga mais pelo petróleo do tipo Brent, e o poder de compra já colabora para a redução da defasagem de preços entre a importação do barril e os preços no país.
Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem média caiu de R$0,99/litro para R$0,58/litro de diesel. No entanto, o óleo diesel ainda apresenta defasagem de -11% e a gasolina, -8%.
“A redução da taxa de câmbio pode ser uma sinalização positiva, mas a volatilidade está muito alta, com variações a cada minuto. Aqui no Brasil, apenas a refinaria da Bahia está com preços alinhados à paridade”, afirma Sérgio Araujoi, presidente da Abicom.
“Se a queda da taxa de câmbio se tornar estável, é possível uma redução de preços no mercado interno. Mas o que o setor necessita para agora é o ajuste de preços.”
Na sexta-feira, o dólar encerrou o dia a R$ 4,75, com barril do tipo Brent a US$ 117,37. Em reais, cada barril é importado a R$ 556,71.
Para o economista da Fundação Getúlio Vargas, Alberto Ajzental, o barril ainda apresenta preço elevado para o mercado brasileiro.
“A disparidade ainda é alta. Para conseguirmos visualizar uma condição de favorecimento real, incluindo queda de preço de combustíveis nas bombas, é preciso que a queda do dólar se mantenha estável, e que além disso, o barril caia de preço, chegando aos R$ 103 dólares”, disse o economista.
“Nessa condição, o brasileiro provavelmente sentirá redução do preço dos derivados nas bombas.”
A moeda norte-americana tem apresentado queda desde meados de março, com a guerra na Ucrânia e os conflitos políticos com a Rússia. Aqui no Brasil, a taxa de juros é o que tem atraído o interesse internacional de investidores, favorecendo o real.
Hoje, a taxa Selic está em 11,75%, – uma das maiores do mundo em retorno para detentores de crédito. A condição internacional indica uma improvável recuperação do dólar, o que pode colocar o governo federal frente à mais uma tomada de decisão de preços.
Mas, segundo análise do doutor em planejamento energético e professor da UFRJ, Diego Malagueta, as decisões podem não acompanhar a ansiedade dos brasileiros.
“Todo preço alto parece testar o mercado, esticar ao limite que o consumidor aceita pagar e, atingido esse limite, há uma certa aceitação dele como novo normal. Para recuar, tem de haver uma grande pressão da sociedade ou uma sacudida no mercado, como quando surgem novos entrantes, novos ofertantes”, explica o professor.