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    Quase 95% das empresas no Brasil adotaram redução salarial para contornar crise

    Cerca de 60% das empresas não planejam mudar o quadro de funcionários até o fim do ano. Entre as 21% que devem demitir, os cortes devem ser no nível operacional

    Luiz Nascimento, em colaboração para a CNN

    Pesquisa realizada com 718 empresas brasileiras revela que 94% delas adotaram a redução salarial para tentar contornar a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. A principal saída encontrada por elas foi a Medida Provisória 936, que permitiu diminuir a jornada e os salários em 25%, 50% e 70%. O levantamento foi realizado pela consultoria Mercer, que atua globalmente nos temas de carreira, saúde, previdência e investimentos.

    “A redução salarial é uma opção a ser adotada antes dos ajustes organizacionais, antes de se pensar em demitir, de se fazer reestruturação. A MP permite, principalmente, dar um alívio no caixa das empresas”, destaca o líder de produtos de carreira da Mercer Brasil, Rafael Ricarte.

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    Os efeitos da Covid-19 também levaram as instituições a adiar os aumentos salariais. Entre aquelas que ofereceram o reajuste, o índice médio foi de 2,5%, ante um 4,4% em 2019.

    Ainda de acordo com o estudo, 60% das empresas não planejam fazer nenhuma alteração no número de funcionários até o final do ano. Entre as 21% que deverão efetuar demissões, o maior percentual ocorrerá nos níveis operacionais e nas áreas de vendas.

    Em relação ao pacote de benefícios oferecidos aos funcionários, as organizações pesquisadas relataram não ter a intenção de fazer grandes mudanças.

    A novidade, entretanto, foi o aumento considerável na quantidade das que pretendem criar o sistema de benefícios flexíveis.

    “A disseminação da prática do home office despertou o interesse por alternativas que antes não eram tão cogitadas ou valorizadas. Um plano de benefícios flexíveis oferece ao empregado a opção pela escolha daqueles que fazem mais sentido para ele e sua família”, ressalta Ricarte.

    Diferença salarial

    Segundo a pesquisa, os salários de homens e mulheres permanecem equivalentes no nível gerencial. Porém, em posições de diretoria, o salário médio das mulheres é inferior ao dos homens.

    No setor de tecnologia, por exemplo, uma alta executiva recebe em média 34% a menos que um homem na mesma posição. No segmento de saúde e farmacêutica, a diferença é de 29%.

    MP 936

    Em junho deste ano, o Congresso Nacional aprovou o projeto de conversão da Medida Provisória nº 936 que permite que empresas reduzam salários e jornada de trabalho de seus funcionários ou que suspendam contratos trabalhista devido ao novo coronavírus.

    O texto também permitiu ao Palácio do Planalto autorizar, via decreto, que os prazos das suspensões trabalhistas durem todo período do estado de calamidade pública e não apenas os 60 dias como na MP original.

    No mês passado, o presidente Jair Bolsonaro assinou o decreto que estende até o fim de dezembro a suspensão de contratos e a redução de jornada e salário, possibilitadas pela medida provisória.

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