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    Produtores de vinho da França enfrentam pior devastação climática em 30 anos

    Geadas afetaram 80% dos vinhedos e podem causar queda de até 50% no faturamento em algumas regiões

    Hanna Ziady, do CNN Business

    Uma das maiores indústrias de exportação da França está enfrentando um golpe devastador depois que uma geada severa no início deste mês danificou vinhedos em todo o país, causando problemas aos produtores de vinho, que estavam se recuperando das perdas causadas pela pandemia e pelas tarifas impostas pelos EUA.

    A geada afetou 80% dos vinhedos nas principais áreas vitivinícolas da França, de acordo com o Comitê Europeu de Empresas de Vinho. “Espera-se que isso cause uma perda de faturamento de 25% ou até 50% em algumas regiões”, disse o órgão ao CNN Business na quarta-feira.

    A destruição se espalhou pelo Vale do Ródano, Bordeaux, Borgonha, Champagne, Provença e Vale do Loire, disse Anne Colombo, presidente da comuna de Cornas, uma área vinícola na região do Ródano.

    “Em algumas regiões haverá muito, muito poucas uvas (este ano)”, disse ela, acrescentando que a geada em Cornas é a pior em mais de meio século.

     

    Os produtores de vinho tentaram manter a temperatura do ar elevada acendendo velas e braseiros em seus vinhedos, mas, em muitos casos, isso não foi suficiente para proteger as vinhas.

    “Uma parte importante da colheita foi perdida. É muito cedo para dar uma estimativa percentual, mas, em todo caso, é uma tragédia para os viticultores que foram atingidos”, disse Christophe Chateau, diretor de comunicações do Conselho de Vinho de Bordeaux.

    Vinho
    Produtores de vinho da França enfrentam pior devastação climática em 30 anos
    Foto: Tamara Malaniy/Unsplash

     

    A geada também ameaça outras culturas, incluindo beterraba e colza, de acordo com a Federação Nacional dos Sindicatos dos Agricultores. “A angústia é imensa nos vinhedos, pomares e nos campos”, disse a organização em nota na semana passada.

    Desde 1991, as fazendas não enfrentavam um evento climático tão devastador, de acordo com o primeiro-ministro francês, Jean Castex.

    O Ministério da Agricultura e Alimentação da França ativou na semana passada seu programa de “calamidades agrícolas”, implementando redução de impostos e outras medidas de apoio financeiro aos agricultores. Funcionários do governo realizaram uma reunião de emergência na segunda-feira com bancos, seguradoras e representantes dos agricultores para discutir novas formas de apoio.

    “A vocês, agricultores, que em toda a França lutaram incansavelmente, noite após noite, para proteger os frutos do seu trabalho, quero dizer que damos todo o nosso apoio nesta luta. Fiquem firmes. Estamos ao seu lado e assim seguiremos”, disse o presidente francês Emmanuel Macron, no Twitter.

    A crise chega em um momento particularmente difícil para os vinicultores franceses, que estão enfrentando vendas mais fracas como resultado dos bloqueios impostos para conter o coronavírus nos principais mercados internacionais, o colapso do turismo devido à pandemia e as tarifas dos EUA relacionadas a uma disputa com a União Europeia sobre subsídios para a Airbus e para a Boeing.

    As exportações de vinhos e destilados franceses caíram quase 14%, para 12,1 bilhões de euros (US$ 14,5 bilhões) em 2020, com as vendas para os Estados Unidos caindo 18%, de acordo com a federação das empresas exportadoras do setor.

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    A geada foi particularmente prejudicial para os produtores de vinho porque foi precedida por temperaturas excepcionalmente altas, o que significava que as vinhas cresciam mais rápido e mais cedo do que o normal, tornando-as mais sensíveis ao frio.

    “A França teve um calor quase recorde do final de março ao início de abril”, disse o meteorologista da CNN Chad Myers. Isso foi seguido por uma mudança climática “violenta” a partir do Ártico durante o fim de semana da Páscoa, acrescentou Myers.

    As temperaturas na região de Champagne foram de quase 26 ºC para cerca de menos 6 ºC em menos de uma semana. “Embora as temperaturas estejam mais perto do normal agora, outra frente fria está a caminho”, disse Myers.

    A mudança climática antecipou temporadas de cultivo na França e em outros lugares, colocando as lavouras em maior risco de danos no período de frio. “É quando começam a crescer que ficam mais frágeis”, disse Colombo, acrescentando que as mudanças de temperatura também afetaram a colheita.

    A Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores disse que o episódio é um “aviso duro” da importância de se discutir medidas preventivas e da necessidade de se ter “um sistema de gestão de riscos que enfrente os desafios climáticos”.

    Elena Pompei, Antonella Francini, Barbara Wojazer e Judson Jones contribuíram com a reportagem.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original, em inglês) 

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