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    Prévia da inflação fica em 0,78% em dezembro e fecha ano em 10,42%

    Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete apresentaram alta em dezembro

    Thâmara Kaorudo CNN Brasil BusinessStéfano Sallesda CNN , em São Paulo e no Rio de Janeiro

    IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15), considerado a “prévia da inflação”, ficou em 0,78% em dezembro, abaixo da taxa registrada em novembro, de 1,17%. Com isso, o índice fechou 2021 em 10,42%, maior acumulado no ano desde 2015 (10,71%).

    Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (23) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

    O acumulado do ano é o maior desde 2015, quando o indicador fechou dezembro com 10,71%. Em relação ao indicador especificamente do último mês do ano, o de 2021 foi inferior ao de 2020, quando foi registrada alta de 1,06%.

    Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete apresentaram alta em dezembro. Apenas saúde e cuidados pessoais (-0,73%) e educação (0%) não registraram aumento no mês.

     

     

    O maior impacto e a maior variação vieram dos transportes, que encerraram o ano com alta acumulada de 21,35%. O resultado do grupo foi influenciado principalmente pela alta nos preços dos combustíveis (3,40%), em particular, da gasolina, que subiu 3,28% e contribuiu com o maior impacto individual no índice do mês. Além disso, os preços do etanol (4,54%) e do óleo diesel (2,22%) também apresentaram alta, embora as variações tenham sido menores que as do mês anterior, informou o instituto.

    No grupo habitação, a maior contribuição veio da energia elétrica, com alta de 0,96% no mês, resultado próximo ao registrado em novembro (0,93%). Desde setembro, está em vigor a bandeira de escassez hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos.

    A variação positiva da taxa de água e esgoto, de 0,89%, é consequência dos reajustes de 9,86% no Rio de Janeiro (8,09%), em vigor desde 8 de novembro, e de 9,05% em Salvador (4,41%), vigente desde 29 de novembro.

    No grupo alimentação e bebidas, a alta de 0,35% se deve principalmente à alimentação no domicílio (0,46%). A maior contribuição individual veio do café moído, que apresentou alta de 9,10% e acelerou em relação a novembro (4,91%). Além disso, os preços das frutas (4,10%) e das carnes (0,90%) subiram em dezembro, após os recuos do mês anterior, segundo o IBGE. A cebola também apresentou aumento de 19,40% no mês.

    No lado das quedas, os destaques foram o tomate (-11,23%), o leite longa vida (-3,75%) e o arroz (-2,46%).

    Números estão em linha com expectativas de analistas

    Coordenador de Índices de Preços da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz destaca que os números divulgados pelo IBGE estão em linha com as expectativas dos analistas e sinalizam para que o ano chegue ao fim com uma inflação de dois dígitos, algo entre 10% e 10,2%. Ele entende, no entanto, que o impacto do preço da gasolina será reduzido na inflação oficial, quando comparada com a prévia.

    “Os dados têm a ver com o período de coleta, e eles foram coletados a partir de 15 de novembro, quando ainda havia uma pressão importante da gasolina, que foi se diluindo e, em dezembro, tivemos até queda do preço do litro do combustível nas refinarias. Então, esperamos uma inflação oficial um pouco mais amena”, afirma.

    Os automóveis seguiram em alta: 2,11% para os novos e 1,28% para os modelos usados. Também contribuíram para o indicador do mês a elevação de preços das passagens aéreas (10,07%). O dado chama atenção por ocorrer após um recuo de 6,34 percebido em novembro

    Alta de 0,96% na energia elétrica reflete uma aceleração próxima à registrada em novembro: 0,93%. Em setembro foi implementada a bandeira tarifária de escassez hídrica, que aumenta a conta de energia em R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos.

    Com relação à inflação oficial, a FGV prevê que, apesar da redução do impacto dos combustíveis no indicador, haja uma elevação no preço das carnes. A alta seria produto do aumento de demanda provocado pelas festas de fim de ano, combinada com algum impacto já perceptível da retomada das exportações de carne bovina para a China, após quatro meses de embargo sanitário.

    “É o que tende a acontecer. No entanto, não deve haver nenhum grande vilão da inflação, como ocorreu em outros meses, com as altas dos combustíveis e da energia elétrica. O mais provável é que ela permaneça bem espalhada pelos diversos setores”, conclui Braz.

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