Presidente do GPA vê 4° tri próximo ao último e descarta venda pelo Casino
Pimentel disse ainda que grupo não tem planos no momento para venda de participação na Cnova
O GPA está vendo desempenho no quarto trimestre até então semelhante ao dos três meses anteriores, em meio à reestruturação de seu negócio e um consumidor ainda cauteloso, segundo seu presidente-executivo nesta quarta-feira (30), que disse não ter conhecimento em relação a uma potencial venda de participação na empresa pelo grupo francês Casino.
O presidente-executivo da empresa dona da marca Pão de Açúcar, Marcelo Pimentel, afirmou a jornalistas na abertura de nova loja da bandeira na zona sul de São Paulo que não parece ser o momento para uma operação do tipo pelo grupo francês.
“Acreditamos que o ativo GPA está muito desvalorizado e não é o momento de mexer com esse ativo. Acreditamos que nosso plano estratégico vai trazer uma geração de valor ao ativo muito significativa”, disse ele, após ser questionado.
O Casino levantou R$ 2,68 bilhões com a venda de 10,44% do atacarejo brasileiro Assaí, ficando com cerca de 30,5%, em operação precificada na terça-feira. Rumores e notícias sobre um potencial interesse em venda de participação também no GPA vieram à tona nos últimos meses, já que o grupo francês detém 41% do grupo e vem realizando movimentos para redução de dívida.
A ação do GPA apresenta queda de 5,6% no ano, e era cotada no início da tarde nesta quarta-feira a R$ 20,15, enquanto o Ibovespa sobe cerca de 6,5% em 2022.
Pimentel disse ainda que o GPA não tem planos no momento para a venda de participação na Cnova. A companhia possui cerca de 34% da empresa.
A nova loja do Pão de Açúcar, na Avenida Jornalista Roberto Marinho, conta com um leque mais amplo de serviços, como hamburgueria. O local, nas mãos da empresa há cerca de 14 anos, representa, segundo o executivo, o renovado foco da companhia, que agora mira em perecíveis e melhora em indicadores de satisfação do cliente, por meio da redução de filas e da menor falta de produtos.
O GPA decidiu no ano passado sair do segmento de hipermercados – no qual são vendidos outros produtos além de alimentos, como eletrodomésticos -, e desde então vem trabalhando para elevar sua rentabilidade. O grupo também opera marcas como o Mercado Extra e Compre Bem no Brasil.
Pimentel disse que, em termos gerais, incluindo receita e rentabilidade, o quarto trimestre está “muito semelhante” ao terceiro trimestre.
“O consumidor está sendo cuidadoso com o momento macroeconômico que estamos vivendo”, disse ele, acrescentando que esses fatores pesam menos no segmento de alimentos do que no restante do varejo, “mas sem dúvida nenhuma tem um impacto”.
Impulso no digital
O executivo disse que o GPA vem avançando em seus canais digitais no quarto trimestre, enquanto mira elevar a participação das vendas online para 15% do total em aproximadamente dois anos contra cerca de 11% no final do último trimestre.
A incorporação do James Delivery, anunciada em novembro, deve ajudar nesse sentido, segundo ele. O aplicativo adquirido em 2018 pelo GPA opera de forma segregada do grupo, e com a operação deixará de atender somente seus cerca de 125 mil clientes para abarcar uma base de 2,5 milhões de clientes da companhia, em expansão que deve gerar redução de custos.
O executivo também citou avanços no modelo “clique e retire”, no qual o consumidor retira o pedido feito online na loja física, bem como aumento na penetração de entrega em 24 horas, que era de 40% dos pedidos e já havia chegado a 65% em setembro. O objetivo no futuro é alcançar 80%.
O GPA tem previsão de abertura de 75 lojas neste ano, sendo que 24 são conversões dos hipermercados Extra. Para os próximos dois anos, o número de novos pontos deve subir para 100 e 125, respectivamente.
Os investimentos do grupo em 2023 devem ficar em patamar semelhante ou marginalmente maior ante 2022, quando se desconsidera os efeitos dos recursos empenhados para a conversão de lojas, disse Pimentel.
Fatores macroeconômicos podem impactar nessa projeção ou na distribuição dos aportes ao longo do ano, com a possibilidade de atraso em reformas, por exemplo, afirmou ele, que defendeu uma postura de responsabilidade fiscal do próximo governo.