Presidente do BCE diz não ver estrutura para Brics lançar moeda comum
Durante evento, Lagarde também comentou sobre criptoativos e economia alemã
A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, foi questionada nesta sexta-feira (24) sobre a possibilidade de que o grupo de países emergentes Brics lançasse uma moeda própria e que pudesse acabar como um concorrente do euro.
Durante evento em Frankfurt, na Alemanha, Lagarde se mostrou cética sobre a possibilidade.
A autoridade citou os membros do Brics: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e questionou se eles teriam “o suficiente em comum para se organizar conjuntamente”.
Segundo Lagarde, uma moeda comum “não pode ser apenas algo legal”, mas precisa partir de “algo mais importante, a expressão de sua soberania”.
Para a presidente do BCE, há “interesses comuns” no Brics, mas ela não vê uma “fundação forte conjunta” que poderia levar a uma moeda comum desse grupo.
Criptoativos
No evento, Christine Lagarde deixou evidente sua avaliação negativa sobre os criptoativos.
A autoridade fez críticas a esses recursos e lembrou que eles muitas vezes são usados para fazer transações que seriam vetadas via meios tradicionais, por serem ilegais. Além disso, Lagarde enfatizou o fato de que são “altamente especulativos”.
A presidente do BCE disse que todos têm o direito de colocar seu dinheiro no que desejam, mas notou que é preciso estar disposto a, eventualmente, perder todo seu investimento ao se adquirir criptoativos.
Moeda digital de BC
Em outro momento, a presidente do BCE falou sobre a potencial emissão de um euro digital mais adiante. Segundo ela, a alternativa é “mais uma oportunidade que uma ameaça, inclusive para os bancos”.
Lagarde disse que é importante manter cédulas e moedas como alternativa, para os que desejam, mas lembrou que é razoável se preparar para mudanças na forma como os pagamentos são feitos, com ênfase na confiança.
Alemanha
Lagarde ainda comentou o impasse recente sobre o orçamento da Alemanha.
Nesta semana, a Justiça do país barrou uma tentativa das autoridades de realocar para projetos ambientais dinheiro que iria inicialmente a alívio financeiro por causa da pandemia, o que provocou um rombo nas contas.
O governo anunciou ontem um plano de manter a suspensão de dispositivo que limita a dívida pública, e a Reuters reportou que o governo alemão impôs congelamento à maioria dos novos compromissos de gastos.