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    Preços no mercado livre de energia têm o menor nível desde 2016 após COVID-19

    Retração das cotações nesse mercado ocorre diante de medidas adotadas no país para conter a disseminação do novo coronavírus

    Do CNN Brasil Business*, em São Paulo

    Os preços de contratos de longo prazo no mercado livre de energia caíram nesta semana para os menores níveis reais desde meados de 2016, mostram dados compilados pela consultoria especializada Dcide.

    A retração das cotações nesse mercado, onde grandes consumidores como indústrias e shoppings podem negociar o suprimento diretamente com geradores e comercializadoras, ocorre diante de medidas adotadas no país para conter a disseminação do coronavírus.

    Quarentenas decretadas por governos estaduais obrigaram o fechamento de lojas e empresas consideradas não essenciais, reduzindo o consumo de energia nesses segmentos, enquanto pessoas em casa e efeitos da pandemia sobre a economia cortaram a demanda por diversos produtos, impactando negativamente o uso de energia na indústria.

    “Essa queda de preços já é devido a efeitos do coronavírus… e pode cair mais, mas vai depender de como vão se materializar os efeitos (das quarentenas). Existem muitas incertezas… mas o mercado começou a se movimentar”, disse Henrique Leme, diretor da Dcide.

    Ele destacou que as cotações já sofriam alguma pressão desde o começo do ano devido à melhora do cenário de chuvas na região das hidrelétricas, principal fonte de geração de energia do Brasil, situação que se agravou com as incertezas relacionadas à demanda por eletricidade após a pandemia.

    A carga de energia do sistema elétrico do Brasil deve recuar 12,5% em abril na comparação anual, no primeiro mês completo do país já sob os efeitos das quarentenas, projetou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) na sexta-feira.

    Mas essa retração deve ser mais acentuada no mercado livre de energia, onde está a maior parte do consumo industrial e comercial, destacou o pesquisador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel-UFRJ), Roberto Brandão.

    “Se a demanda por energia nas distribuidoras está caindo, no mercado livre está desabando”, afirmou ele, destacando que diversos clientes nesse setor têm buscado renegociar contratos com geradores e comercializadoras.

    Com isso, contratos de longo prazo de energia convencional no mercado livre, para entre 2021 e 2024, eram negociados nesta semana a em média 155,55 reais por megawatt-hora, com recuo de 2,66% na semana e perda de 14,6% no acumulado de um ano, mostraram os dados da Dcide.

    Contratos longos de energia convencional não eram vistos a valores tão baixos desde julho de 2016, quando tocaram 152,7 reais, se considerada a inflação, ou desde fevereiro de 2017 na série nominal, sem ajuste inflacionário, de acordo com a consultoria.

    Já as negociações de contratos de longo prazo de energia renovável (incentivada) viram os preços médios recuarem 2,15% na semana, para 192,06 reais por megawatt-hora. É o menor valor real desde maio de 2016, enquanto em termos nominais esse preço não era visto desde fevereiro de 2017.

    No prazo de um ano, os preços dos contratos longos de renováveis acumulam agora retração de 12,25%.

    Os índices de preços da Dcide são calculados com base em apuração da consultoria junto a diversos agentes ativos no mercado e atualizados semanalmente.

    *Com informações da Reuters 

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