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    Preço do potássio triplica com guerra na Ucrânia

    Tonelada do insumo, que o mundo negociava por cerca de US$ 300 no início de 2021, está cotada hoje em US$ 1,1 mil – e com tendência de alta

    André Borges, do Estadão Conteúdo

    A alta no preço do potássio testa os limites do mercado. O principal insumo usado como fertilizante na agricultura viu seu preço mais do que triplicar neste mês em relação ao custo de um ano atrás.

    A tonelada do potássio, que o mundo negociava por cerca de US$ 300 no início de 2021, está cotada hoje em US$ 1,1 mil. E a tendência é de alta, dada a incerteza sobre o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia.

    O potássio é um dos três fertilizantes químicos essenciais na produção agrícola de larga escala. Ao lado do nitrogênio e do fósforo, o item retirado do subsolo de rochas compõe a trinca dos elementos – conhecida pela sigla “NPK” – mais utilizados no cultivo de soja, milho, café, trigo, arroz e cana-de-açúcar, além de frutas.

    Se considerada a oferta do composto NPK, o Brasil importa hoje 85% desses fertilizantes para abastecer o consumo nacional. A dependência específica de potássio, porém, sobe para 96%.

    O maior pico no preço global do potássio registrado até hoje ocorreu entre 2008 e 2009, quando a crise das hipotecas dos bancos americanos contaminou a economia mundial. Naquela ocasião, apontam os dados históricos, o potássio chegou a custar US$ 700 a tonelada.

    O câmbio, porém, estava na casa dos R$ 2,20. Hoje, o preço chega ao mercado ao custo de R$ 1,1 mil, mas com dólar em torno de R$ 5.

    O que preocupa governo, fornecedores e agricultores é não ter ideia de quando a situação será resolvida. Extrair potássio não é algo que se faz do dia para a noite. Trata-se de minas que, geralmente, estão localizadas em profundidades de 600 a 800 metros.

    Não basta apenas alcançar essas áreas. É preciso abrir túneis por onde circulam máquinas de grande porte. Por vezes, até mesmo caminhões. Isso significa investimento pesado e vários meses ou anos de obras.

    Com cerca de três meses de estoque de fertilizantes, o Brasil tenta garantir que não haja falta do insumo. O Estadão ouviu dois dos principais fornecedores de potássio em todo o mundo e que possuem atuação direta no País, a norueguesa Yara Fertilizantes e a canadense Mosaic Fertilizantes.

    Maicon Cossa, vice-presidente comercial da Yara no Brasil, disse que a companhia tem feito tudo o que é possível para garantir a entrega do insumo.

    O Brasil é o maior cliente individual da empresa no planeta e responde por cerca de 20% de toda a sua produção, hoje comercializada em mais de 150 países.

    “Temos investido para aumentar a produção, mas o que podemos garantir, no curto prazo, é rodar com a eficiência máxima possível a nossa estrutura”, afirmou Cossa.

    “Há muitas incertezas sobre o desenrolar da guerra. O que a Yara está fazendo, sendo uma empresa global, é buscar o melhor possível para minimizar os impactos no Brasil.”

    Além de trazer ao País a manufatura de potássio que concentra em países como Noruega e Holanda, a Yara tem bases de exploração do produto em Rio Grande (RS) e em Cubatão (SP).

    Essa produção local responde por cerca de 20% de tudo que a empresa vende no mercado nacional.

    A Mosaic Fertilizantes informou que “lamenta o que está ocorrendo no cenário geopolítico internacional” e que “está atenta aos impactos nos mercados nacional e internacional de fertilizantes, analisando cautelosamente para atender da melhor forma às demandas locais”.

    O potássio tem um peso médio que oscila entre 30% e 40% no custo da produção agrícola, conforme a região e o plantio.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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