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    Powell: recuperação dos EUA é afetada por desigualdades raciais e educacionais

    Cerca de 20% das pessoas com idades entre 25 e 54 anos --a principal faixa etária da força de trabalho dos EUA-- sem um diploma foram demitidas em 2020

    Por Howard Schneider e Ann Saphir, da Reuters

     A economia dos Estados Unidos está melhor, mas “ainda não fora de perigo”, disse nesta segunda-feira (3) o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, em comentários que deram uma amostra de um estudo do banco central que documenta o golpe desproporcional sofrido por pais e trabalhadores com menor escolaridade durante a crise causada pelo coronavírus.

    A economia está reabrindo, o que traz atividade econômica mais forte e criação de empregos

    Disse Powell em comentários preparados para uma conferência da National Community Reinvestment Coalition.

    “Essa é a perspectiva de alto nível –vamos chamá-la de visão de 30.000 pés– e desse ponto de vista vemos melhorias”, disse Powell, ressaltando, porém, ser preciso olhar o que está acontecendo com os cidadãos comuns.

    Sobre isso, disse Powell, a Pesquisa Anual de Tomada de Decisões Econômicas Domésticas (Shed, na sigla em inglês) do Fed, a ser divulgada ainda neste mês, trouxe algumas estimativas mais firmes em torno dos impactos díspares da pandemia, uma questão que ele e outros formuladores de política monetária têm focado e se comprometido a incorporar nas análises acerca de como a recuperação econômica está ocorrendo e quando poderá ser concluída.

    O relatório concluiu que 22% dos pais “ou não estavam trabalhando ou trabalhavam menos por causa de interrupções em creches ou na educação presencial”, com números ainda mais altos para mães negras e hispânicas –36% e 30%, respectivamente.

    Cerca de 20% das pessoas com idades entre 25 e 54 anos –a principal faixa etária da força de trabalho dos EUA– sem um diploma universitário de quatro anos foram demitidas em 2020, contra 12% para aqueles com pelo menos um diploma de bacharel.

    Cerca de 14% dos brancos em seus primeiros anos de trabalho foram demitidos em algum momento do ano passado, em comparação com 20% ou mais para negros e hispânicos nesse grupo, disse Powell.

    O relatório Shed é uma referência anual importante da saúde econômica familiar e será observado de perto quando for divulgado neste mês, com analistas em busca de sinais de possíveis danos de longo prazo da pandemia.

    As condições estão mudando rapidamente –mais de 900 mil empregos foram criados em março, e uma pesquisa da Reuters com economistas prevê perto de 1 milhão em abril.

    Mas o Fed está observando de perto para ver se as lacunas estão começando a se fech

    ar nos grupos demográficos dos EUA e em setores como lazer e hospedagem, que viram as maiores perdas de empregos no início da pandemia.

    “Vemos o pleno emprego como uma meta ampla e inclusiva”, disse Powell, repetindo a nova prioridade que o banco central tem dado ao incentivo ao crescimento do emprego ao custo de uma inflação mais alta.

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