Por dentro dos Correios, empresa que está na agenda de privatizações do governo
Expectativa em torno da privatização anima setores ligados ao e-commerce
Na mira da privatização, os Correios passam por um momento de transformação que já produz reflexos em seus resultados operacionais. Por causa do aumento das compras online no país durante a pandemia, a empresa registrou lucro líquido recorde de R$ 1,5 bilhão em 2020, e o desempenho fez com que os olhos do mercado se voltassem para o serviço de postagem.
A estatal se tornou ainda mais estratégica para a circulação de bens vendidos via e-commerce, setor que viu o número de pedidos avançar 65,7% até maio, na comparação com igual período do ano passado. Mas, para os Correios continuarem crescendo, é necessário modernizá-lo.
“A adaptação às novas demandas é vista com bons olhos pelo mercado. Mas, se não modernizar ficará obsoleto e, assim, perderá espaço para outros players do mercado com serviço focado no e-commerce”, disse Enrico Cozzolino, analista da Levante Investimentos. “E perder espaço significa perder a oportunidade de receita.”
De 2010 pra cá, os Correios tiveram lucro em patamar semelhante apenas em 2012, quando registrou R$ 1,113 bilhão. Já de 2013 a 2016, a estatal acumulou prejuízo de R$ 3,943 bilhões em meio a um cenário adverso ligado a rombos no principal plano de previdência da categoria, o Postalis, e no de saúde, o Postal Saúde.
Os dois planos foram alvo da Polícia Federal em investigações sobre corrupção.
A partir de 2017, a empresa começou a reverter os prejuízos, culminando no lucro líquido recorde obtido no ano passado. Com o resultado positivo, o patrimônio líquido da companhia cresceu 84% em relação a 2019, somando R$ 950 milhões.
O governo publicou em abril decreto presidencial que inclui os Correios no Programa Nacional de Desestatização (PND). O Estado pretende vender 100% da operação da empresa a um único comprador e também pretende seguir como responsável por parte do serviço postal, uma obrigação imposta à União pela Constituição de 1988. O texto, por ora, está sendo apreciado na Câmara.
Hoje os Correios tem presença em mais de 5,5 mil municípios por meio de 11,1 mil agências. Seu quadro de funcionários é composto por 98 mil trabalhadores.