Planejamento elétrico deve incluir riscos de combustíveis e renováveis, diz EPE
Estudos da Empresa de Pesquisa Energética propõem agregar uma segunda “dimensão” nas análises sobre custos de geração de energia no país
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) começou a fazer estudos para incluir no planejamento do setor elétrico brasileiro riscos associados aos custos de combustíveis e à volatilidade de geração das fontes renováveis, disse nesta quarta-feira um diretor da estatal.
Ainda em fase inicial, os estudos propõem agregar uma segunda “dimensão” nas análises sobre custos de geração de energia no país, mostrando não só um cálculo total, mas também os riscos disso se materializar, segundo Erik Rego, diretor de estudos de energia elétrica da EPE.
“Hoje, trabalhamos só com a incerteza da água, fazemos vários cenários hidrológicos, que refletem custos de água diferentes… Começamos a ter uma frente para colocar a incerteza da geração eólica e fotovoltaica, e além disso colocar a volatilidade do custo de combustível (das térmicas)”, explicou Rego, após participar do evento Brasil Wind Power.
“Queremos ter o risco do custo total, para conseguirmos comparar melhor as alternativas (de geração). Às vezes a alternativa mais barata pode ter um risco de custo maior”, acrescentou.
Não há uma previsão para a publicação desses estudos, mas não deve sair em menos de um ano, disse o diretor da EPE. “Não sei se vamos conseguir encaixar no PDE (Plano Decenal de Expansão de Energia) de 2033, talvez seja o 2034”.
O aprofundamento dos estudos da estatal de planejamento ocorrem em um momento de transformação do setor elétrico, com as fontes renováveis aumentando sua participação na matriz e trazendo mais geração intermitente para o atendimento da carga.
Ao mesmo tempo, a geração termelétrica migra para o uso do gás natural, que enfrenta uma alta de preços no mercado internacional motivada por fatores conjunturais, como a guerra da Ucrânia, e estruturais, como a transição energética global.
Leilão de potência
Rego disse ainda que a EPE já entregou ao Ministério de Minas e Energia uma primeira proposta de novos produtos para o leilão de potência de energia.
No mês passado, o governo cancelou o certame de reserva de capacidade previsto para este ano, alegando que estudaria como viabilizar um certame pautado pela “neutralidade tecnológica”. No primeiro leilão do tipo, realizado no ano passado, apenas termelétricas puderam participar.
O diretor da EPE não detalhou que tipo de produtos poderão ser incluídos no leilão, mas a expectativa no setor é de que mais fontes possam participar, como hidrelétricas e também renováveis somada a soluções de armazenamento de energia.
“Não temos uma pressão de prazo… O ministério está mais preocupado em ter um leilão redondo e com competição”, disse.