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    Petrópolis perdeu pelo menos R$ 665 milhões no PIB com tragédia, diz Firjan

    Segundo presidente da entidade, se forem levados em conta os gastos com reconstrução, perdas superam R$ 1 bilhão

    Stéfano Sallesda CNN , Rio de Janeiro

    Os quatro dias de chuvas em Petrópolis afetaram 65% das empresas da cidade da Região Serrana, e 85% delas ainda não retomaram as atividades.

    A perda estimada é de R$ 665 milhões no Produto Interno Bruto (PIB) do município, o equivalente a 2%, em dados que consideram apenas o impacto direto.

    Esse é o resultado de uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (21) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) sobre a tragédia, que deixou mais de 170 mortos.

    Ao todo, a entidade ouviu 286 empresas, entre os dias 16 e 18 de fevereiro, e faz um levantamento global. A projeção dos empresários é que sejam necessários 13 dias para o pleno retorno das atividades.

    No entanto, um em cada três impactados não consegue ainda prever uma data para isto, tamanhos os prejuízos aos negócios. Uma a cada quatro empresas chegou a ter a produção totalmente paralisada.

    Os principais impactos são: impacto das chuvas nas áreas de vendas (35%), na produção (35%) e na área administrativa (30,1%).

    Houve alagamento no entorno de 76,8% das empresas consultadas. Já a falta de energia elétrica ou de telefonia atingiu 60% dos estabelecimentos.

    Mas, obviamente, os danos não foram apenas financeiros: 11% das empresas relataram desaparecimento ou morte de funcionários.

    Presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira enfatiza que os 2% são relativos ao PIB de Petrópolis. A tragédia, contudo, ficou concentrada no Centro Histórico, que integra o primeiro distrito, onde os prejuízos são muito maiores, mas não há métrica adequada, por parte do município, para ter números precisos em âmbito distrital.

    Ele estabelece uma comparação com os dados da tragédia de 2011, que deixou cerca de 900 mortos na Região Serrana.

    “Todos nós sofremos, há 11 anos, com coisas absolutamente semelhantes. Mas não havia em 2011 uma concentração econômica tão grande quanto havia agora em Petrópolis, havia menor concentração de habitações em áreas de risco. Se levarmos em conta as necessidades de reconstrução de tudo o que foi destruído ou danificado, os valores serão ainda maiores e certamente vão superar R$ 1 bilhão”, afirma o presidente da entidade.

    Sobre as medidas mais urgentes para que Petrópolis tenha uma rotina próxima do normal conhecido antes da tragédia, 34% dos consultado destacam a importância da limpeza de ruas e bueiros, 32% apontam necessidade de escoamento de água e 23% a retomada de serviços essenciais, como transporte, abastecimento de água a energia elétrica.

    Entre as medidas preventivas, 35% entendem que políticas de planejamento urbano são prioritárias, enquanto 29% cobram tratamento dos leitos dos rios, e 27 querem políticas de habitação que impeçam ocupações irregulares.

    Para a recuperação econômica da cidade, 30% dos empresários pedem acesso a crédito, 25% solicitam a postergação do pagamento dos impostos devidos, para empresas impactadas pela tragédia, e 20% demandam suporte às famílias afetadas.

    A Firjan abriu na cidade um Centro de Atendimento ao Pequeno Empresário, para as empresas atingidas pela tragédia. Gouvêa Vieira desta a importância do apoio ao setor para preservar a economia da cidade.

    “Não podemos deixar as empresas parar. Elas precisam de recurso para capital de giro, voltar a comprar matéria prima e retomar seus ativos. Uma tragédia como essa afeta o ambiente psicológico e o ambiente de ativos. Se conseguirmos repor os ambientes, se as cabeças melhorarem, daremos a volta por cima, como em muitas tragédias, e o município, o Centro Histórico de Petrópolis vai adiante”, conclui o presidente da Firjan.

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    Comércio segue fechado

    Segundo o Sindicato do Comércio Varejista da Petrópolis (Sicomércio), as chuvas afetaram diretamente cerca de 300 lojas do Centro Histórico, o que resultaria em um prejuízo de R$ 100 milhões para a construção.

    Algo entre R$ 100 mil e R$ 200 mil por estabelecimento, como aponta Marcelo Fiori, presidente do sindicato.

    “São recursos para a reconstrução das lojas. Como em algumas, o volume de água chegou a dois metros de altura, não se perde apenas o estoque. É necessário mexer na estrutura. O problema maior é do pequeno empresário, que vai depender de linhas de crédito, para reestabelecer o comércio. Temos uma linha da Agência Estadual de Fomento (Age-Rio), que é pequena. Precisamos de mais crédito subsidiado”, explica o empresário.

    Petrópolis tem, de acordo com o IBGE, cerca de 307 mil habitantes: é a cidade mais populosa da Região Serrana do Rio de Janeiro e a nona do estado.

    A Lei Orçamentária Anual aprovada pela Câmara de Vereadores para o município para 2022 é de R$ 1,3 bilhão.

    Durante o fim de semana, agentes das companhias municipais de limpeza urbana do Rio de Janeiro (Comlurb) e de Niterói (Clin) estiveram na cidade e limparam boa parte da lama e do entulho da Rua Teresa, principal polo comercial da cidade, que concentra a indústria da moda, principal pilar econômico da cidade.

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