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    Petrolíferas independentes preveem R$ 40 bilhões em campos terrestres até 2029

    Movimento liderado por essas companhias têm impulsionado a indústria de petróleo e gás terrestre no Brasil

    Por Marta Nogueira, da Reuters

    As petrolíferas independentes no Brasil devem investir cerca de R$ 40 bilhões em campos terrestres até 2029, em meio a iniciativas tecnológicas para a extensão da vida útil e aumento da produção de campos adquiridos da Petrobras, apontou levantamento da associação que reúne essas empresas Abpip.

    O movimento liderado por essas companhias têm impulsionado a indústria de petróleo e gás terrestre no Brasil, que havia colocado diversos ativos à margem depois que a Petrobras decidiu direcionar seu foco ao desenvolvimento dos prolíficos campos do pré-sal, disse à Reuters o secretário executivo da Abpip, Anabal Santos.

    Segundo Santos, o início de um novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva no próximo ano não deverá inverter essa lógica, uma vez que os ativos da Petrobras em terra nas mãos de petrolíferas independentes têm apresentado resultados importantes com aumento de investimentos, produção e impostos.

    Ele afirmou que a produção em bacias terrestres estava em declínio desde 2012 e passou a aumentar “substancialmente”. A expectativa agora é que haja um aumento da produção em terra de 150 mil barris de óleo equivalente por dia em 2016, para 500 mil em 2029, disse ele.

    “Estamos convencidos de que vai prevalecer o bom senso (no novo governo)… esse processo (de venda de ativos) deveria ser ampliado em águas rasas”, disse Santos, acrescentando que a Petrobras já realizou a venda de ativos marginais no mar, mas que ainda há outros com perfil interessante para a venda.

    O governo de transição chegou a pedir que a Petrobras interrompesse seus desinvestimentos em curso, até que a nova gestão tome posse em 2023 e avalie. No entanto, as críticas estiveram principalmente direcionadas para as vendas de refinarias, disse.

    Os desinvestimentos da Petrobras de ativos de exploração e produção foram iniciados em 2013 e, desde então, a companhia vendeu 204 concessões, sendo que 168 já foram transferidas para os novos concessionários, enquanto as demais encontram-se em fase de transição, segundo dados da empresa.

    Do total de concessões vendidas, 165 são terrestres e 39 marítimas. O valor total transacionado foi de US$ 13,7 bilhões, dos quais US$ 4,6 bilhões se referem à venda de ativos terrestres de exploração e produção.

    Tais números não consideram ativos de exploração e produção que foram desinvestidos indiretamente por meio da venda de subsidiárias no exterior, nem aqueles que foram objeto de parceria, em que a Petrobras vendeu participação a um novo parceiro, mas continuou no ativo.

    Santos afirmou que a Petrobras vendeu a maioria de seus ativos em terra e que resta no momento apenas o Polo Urucu, no Amazonas, e do Polo Bahia Terra, na Bahia, sendo este último em fase final de negociação com um consórcio liderado pela Petroreconcavo com a Eneva.

    A Eneva também chegou a avançar para a aquisição do Polo Urucu, mas não chegou a um acordo final com a Petrobras. Lino Cançado, que assumirá o comando da companhia no próximo ano, disse à Reuters que a empresa poderá avaliar novamente o ativo caso seja colocado à venda de novo.

    Cançado disse que a empresa não descarta novas aquisições no setor de petróleo e elétrico, mas evitou entrar em detalhes.

    Passos futuros

    Concluídas as vendas da Petrobras em terra, petrolíferas independentes acreditam novos negócios poderão vir a partir de movimentos de consolidação ou com a oferta de novas áreas pela reguladora ANP.

    “Hoje o setor já é muito mais dinâmico, já está gerando atividade muito maior. Em algum momento pode haver uma consolidação”, disse Cançado.

    O presidente da Petroreconcavo, Marcelo Magalhães, foi na mesma linha.

    “Não vivemos só do programa de desinvestimentos da Petrobras… podemos fazer aquisições, parcerias, ‘farm in’… Estamos só começando”, disse, se referindo às petrolíferas como um todo, sobre o potencial de negócios que podem surgir daqui em diante.

    O diretor executivo de Exploração e Produção do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), Júlio Moreira, destacou que o resultado dessas vendas foi a criação de uma indústria com diversos atores, com diferentes perfis, e novas perspectivas para o futuro.

    “A sociedade já se deu conta de que esses projetos sendo desenvolvidos por outras empresas garantem continuidade de investimentos e podem representar aumento de investimentos. E o retorno disso vai direto para a sociedade”, afirmou Moreira.

    Segundo ele, é preciso que o país continue a buscar avanços regulatórios, para que os investimentos continuem a crescer. Além disso, pontuou que o Brasil também concorre por investimentos internacionais com outros países do mundo, em um ambiente de transição energética.

     

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