Petrobras inicia processo de licenciamento de 23 GW em eólicas offshore, dizem executivos
Entre os locais na mira da companhia para explorar a fonte estão a costa do Maranhão, em uma área de 817 km², e a do Rio Grande do Norte, envolvendo a chamada Margem Equatorial
A Petrobras deu início ao processo de licenciamento ambiental para 23 gigawatts (GW) de parques de energia eólica offshore na costa brasileira, em uma iniciativa que alavanca seus planos de descarbonização e a coloca como a principal empresa do país para projetos da nova tecnologia de geração renovável, disseram executivos da empresa nesta terça-feira.
As dez áreas para eólicas no mar com licença solicitada ao Ibama estão nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul e se somam a outras iniciativas em offshore que a companhia já havia anunciado anteriormente, como a parceria com a Equinor.
Entre os locais na mira da companhia para explorar a fonte estão a costa do Maranhão, em uma área de 817 km², e a do Rio Grande do Norte, envolvendo a chamada Margem Equatorial, onde a Petrobras prevê parques eólico com capacidade instalada somada de 7,4 GW.
“Essa aposta da Margem Equatorial será, eu afirmo peremptoriamente, o ambiente mais atrativo, competitivo e disputado da eólica offshore do mundo em menos de sete anos”, disse o CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, em entrevista à imprensa nesta quarta-feira.
“Temos que ousar, como empresa grande, visionária, como já fizemos várias vezes”, disse Prates, citando ainda que um dos empreendimentos em estudo envolve a instalação de eólicas flutuantes.
A Margem Equatorial citada por Prates também é foco da companhia para a exploração de petróleo e gás. Mas a empresa vem enfrentando resistência do Ministério do Meio Ambiente em relação à exploração na Foz do Amazonas, que integra a região onde a petroleira quer explorar a energia eólica.
Os projetos em estudo pela Petrobras são majoritariamente em águas rasas, com exceção de uma no Rio de Janeiro, e em lugares onde a companhia já detém conhecimento importante das características a partir de suas atividades de óleo e gás.
“As áreas que estamos protocolando aqui no Ibama já refletem o que falamos em relação a conhecimento da Petrobras em medições já realizadas, medições para um futuro próximo, visão de solo marinho, correntes”, explicou o gerente de Energia Renovável da estatal, Daniel Pedroso.
Prates afirmou ainda que a companhia está “pronta” para iniciar os projetos assim que o país avançar com os passos necessários para o desenvolvimento da fonte no país, a começar por uma regulamentação para um leilão de cessão de uso das áreas no mar.
Questionados sobre custos dos projetos, os executivos disseram não ser possível estimá-los nesse estágio, mas reiteraram que a companhia já fez suas simulações e que apenas entrará em projetos com rentabilidade garantida.
“Só vamos saber se é rentável ou não depois que fizermos os estudos, tiver o projeto, ver o vento na área, saber o custo dos equipamentos e saber qual é o preço da energia”, afirmou o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Maurício Tolmasquim.
Tolmasquim defendeu que o primeiro leilão de cessão de uso de áreas realizado pelo governo deveria vir atrelado à contratação da energia gerada por esses projetos.
“Seria um golaço do governo… Seria sucesso absoluto, vai contratar energia até barata… Se isso for feito, vai ter uma chuva de investidores.”
A iniciativa da Petrobras para avançar na energia eólica vem em momento em que a empresa está reformulando seu planejamento estratégico para agregar novos projetos voltados para a transição energética e que visam construir uma estratégia de longo prazo para a empresa.
“A gigante do petróleo brasileiro também tem dever de ser gigante na transição energética, e se trasnformar em uma das maiores empresas globais integradas de energia”, afirmou Prates nesta quarta-feira.
Parceria com a WEG
A Petrobras anunciou ainda nesta terça-feira uma parceria com a WEG para desenvolvimento de uma turbina de geração eólica onshore de 7 megawatts (MW) de potência, em projeto que deve dar novo impulso à indústria nacional de energias renováveis.
Os executivos da estatal explicaram que a companhia terá preferência para eventual aquisição desses equipamentos para seus projetos no futuro, e que também receberá royalties pela venda das máquinas.
As empresas também poderão, no futuro, se associar em um novo projeto com a WEG para uma máquina específica para parques offshore, disseram.
Aposta no onshore
A Petrobras está analisando uma série de projetos eólicos onshore (em terra) e pode anunciar alguma aquisição em breve, disse Tolmasquim. Segundo ele, tais projetos devem entrar no ano que vem no porfólio da empresa.
A companhia também está olhando a possibilidade de comprar uma fatia minoritária em eólicas offshore no exterior, como forma de ingressar em um projeto para aprender sobre a tecnologia, acrescentou o executivo.