Pesquisa aponta que indústrias brasileiras têm caixa por apenas mais um mês
Levantamento feito pela Fiesp entrevistou 457 empresas
Uma pesquisa conduzida pela Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo) mostra que, por conta da crise causada pela pandemia da COVID-19, das 457 empresas industriais participantes 63% têm caixa disponível para honrar as obrigações da empresa por um período máximo de até um mês. Desse percentual, 36% tem recursos para um período ainda menor. O levantamento foi conduzido em conjunto com a Ciesp (Centro das Indústrias de São Paulo).
Além disso, o levantamento revela que 73% das empresas vão precisar de crédito para capital de giro nos próximos três meses, sendo que a média estimada para esse financiamento é de 43% do faturamento de cada empresa. “O principal destino do crédito de capital de giro para as empresas será o pagamento de salário de funcionários, seguido pela aquisição de insumos”, diz a o estudo. Segundo a Fiesp, os outros 27% das indústrias já tem o dinheiro em caixa para esse período.
Apenas 9% das empresas entrevistadas têm caixa suficiente para mais de três meses. Além disso, de acordo com o estudo, 92% preveem redução de 55% nas vendas de abril a junho. Os três principais motivos citados como justificativa para esse recuo nas vendas são a redução dos pedidos, o cancelamento de pedidos e os problemas com o recebimento de clientes.
“Além da ausência de novos pedidos, que já afeta 60% das indústrias, 50% das empresas sofrem com clientes renegociando para adiar o pagamento de pedidos entregues e 45% com operação parcial dos clientes”, explica a pesquisa.
A CNN teve acesso a dois ofícios encaminhados ao ministro da Economia, Paulo Guedes, pela Fiesp. Um dos documentos solicita atenção especial do governo federal com novas medidas de crédito para capital de giro ao setor industrial, com base nos resultados da própria pesquisa citada acima. “A cada quatro indústrias, três necessitarão de crédito para capital de juro, que será utilizado principalmente para folha de pagamento e, também, para aquisição de insumos e custos de energia”, afirma a federação no texto.
Em outro ofício, a Fiesp sugere à pasta a concessão de uma nova linha de crédito voltada para a estocagem do setor sucroenergético. “Poucos segmentos do agronegócio foram tão afetados quanto o etanol que, além de sofrer as consequências diretas das ruas e estradas vazias, foi ainda duramente afetado pela disputa internacional entre países produtores de petróleo, tudo isso às vésperas do início da moagem da safra de cana-de-açúcar”, argumenta a Fiesp no documento.
Medidas emergenciais
A Fiesp, informa ainda que em relação às vendas, a principal medida a ser adotada pelas empresas é a possibilidade de parcelamento das vendas. Entre as medidas emergenciais anunciadas pelo governo, as principais ações adotadas por empresas em todos os portes são férias para parte dos funcionários e redução de jornada de trabalho e salário. “Quanto maior o porte da empresa, maior a proporção de empresas que oferecerão férias aos funcionários”.
As férias para parte dos funcionários é adotada por 36% das micro empresas e por 55% das pequenas empresas. Já entre as médias e grandes empresas, a parcela sobe para 61% e 70%, respectivamente. 32% das micro empresas entrevistadas pela Fiesp implementaram a redução de jornada e salário. No grupo de pequenas, médias e grandes empresas, os percentuais sobem para 53%, 54% e 56%.
Por outro lado, os dados mostram que as demissões devem ocorrer relativamente menos nas grandes empresas do que nas demais. Enquanto a medida foi implementada por 40% das médias empresas e 36% 3 37% das micro e pequenas empresas, respectivamente, apenas 30% das grandes empresas optaram por demitir os funcionários.